Alguns consideram o tema pouco charmoso, mas todos concordam que ele é essencial. Falar sobre governança é trabalhar pelo futuro corporativo, construindo um cenário de transparência e responsabilidade para as instituições. À medida que os mercados – e, por consequência, seus consumidores – se tornam mais conscientes de suas escolhas e que as regulamentações avançam, a governança eficaz emerge como um tema central das lideranças e como um fator crucial para o sucesso a longo prazo das organizações.
Governança corporativa refere-se ao conjunto de práticas, regras e processos que orientam e controlam uma empresa. Esse sistema abrange as relações entre os acionistas, o conselho de administração, a alta gestão e outras partes interessadas, incluindo empregados, clientes e a comunidade em geral. Seu principal objetivo é assegurar a transparência, a responsabilidade e a equidade nas operações empresariais. Junto dos pilares "Social" e "Ambiental", compõe a famosa sigla ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance), que reúne as boas práticas institucionais em cada um desses aspectos.
Apesar de sua importância reconhecida, investir em governança segue sendo um desafio. E por quê? As respostas são múltiplas, mas percebo que muitas lideranças têm resistência ao desconforto que a de processos e métodos internos pode provocar. Esse mergulho minucioso nas práticas internas pode ser longo e revelar falhas que as pessoas não querem ver, é verdade. Porém, desconhecê-las não impede que elas tenham impacto sobre o negócio, certo? A partir delas, é possível encontrar oportunidades reais de melhoria – algumas sendo mais imediatas e outras que exigem maior planejamento e determinação. Contudo, a partir desse mapeamento, é possível projetar um plano de ação.
Outro ponto sensível costuma ser a comunicação. Como sempre reforço, é fundamental que projetos que tenham impacto em toda a empresa sejam de conhecimento de todos. Incrementar a governança não pode ser uma caixa-preta, cujo acesso é reservado às lideranças. É preciso compartilhar informação, esclarecer dúvidas e estabelecer parâmetros para que os colaboradores, ao invés de se sentirem escrutinados, entendam que são parte essencial do processo. O que fazemos, porque fazemos e como fazemos são diretrizes que devem estar claras para todo o time.
À medida que as expectativas dos consumidores e investidores mudam, as empresas – independentemente de seu porte – precisarão adaptar suas práticas e evoluir em termos de governança. Isso pode, inclusive, ser decisivo para que contratos sejam renovados ou fechados, já que a expectativa é que, com o crescimento da transparência de informações, fique mais "simples" e seguro saber com quem estamos fazendo negócio.
Por isso, a governança corporativa não é apenas uma questão de conformidade, mas uma estratégia vital para a construção de empresas resilientes, éticas e sustentáveis. À medida que o mundo dos negócios continua a mudar, a governança eficaz será a chave para garantir o sucesso e a relevância das organizações no futuro.
Fabrício Oliveira, CEO da Vockan.