Em um mercado competitivo, aliado a uma sociedade digital e mais protagonista de seu consumo, as estratégias de inovação são fundamentais para garantir a evolução dos negócios. Hoje, grandes marcas já investem massivamente em automação para se alinharem à transformação digital que o mundo atravessa, mas existem estratégias que podem alavancar os processos também dentro das pequenas e médias empresas.
Nesse cenário, o empreendedor precisa primeiro estar ciente das mudanças dos últimos anos em seu segmento e preparar a equipe com esse olhar estratégico. Em uma sociedade 5.0, o consumidor preza por remover as fricções em sua jornada e, ao entender isso, a empresa pode passar a fazer automatizações e treinamentos que deixem os processos mais alinhados com as expectativas.
A revolução digital veio como uma oportunidade de usar a tecnologia como mecanismo para melhorar a vida das pessoas. Não tem a ver com a tecnologia em si, mas com o modo como usamos isso para diminuir gargalos e oferecer um produto ou serviço de uma melhor forma para os clientes. Trata-se da integração de ferramentas digitais em todos os processos e áreas, à medida que ocorrem adaptações na cultura, nas operações e na entrega de valor do negócio.
A experiência do cliente é de onde devem partir as principais mudanças e modificações nos processos internos das empresas. Quanto mais conectada a empresa está com seus clientes, mais inovadora ela pode ser, pelo simples fato de a inovação partir de pessoas. Assim, os gestores de empresas devem estar atentos ao que os clientes precisam, como os processos estão sendo percebidos por eles, como está a entrega de valor e como isso está sendo comunicado.
A inovação pode vir de coisas simples, como uma mudança de processos, atuação em um novo canal de vendas, uma comunicação mais aproximativa. Não necessariamente adotar novos sistemas e tecnologias extremamente robustos, mas resolver problemas do cotidiano que podem ser percebidos em uma entrega de valor diferenciada.
Podemos citar os chatbots que resolvem problemas mais simples ou tiram dúvidas mais rápidas, sem necessariamente ter um contato humano que demorará mais para atender (devido à demanda alta). Realidade virtual ou aumentada também é uma opção relativamente simples, que pode contribuir bastante para o processo de decisão, garantindo, ainda, que o cliente experimente uma nova forma de comprar sem sair da própria casa.
Um exemplo desse olhar para a inovação do dia a dia é a Nestlé. Gigante dos laticínios, a empresa tem seus produtos presentes em 99% dos lares brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel. Após 100 anos de maturação no mercado, a marca passou a investir em fermentas para desburocratizar as operações mais simples e espera ampliar resultados com isso. Outra estratégia foi o investimento em inovação aberta: a plataforma Panela colocou a marca em contato direto com os consumidores e com uma rede de startups para ouvir as sugestões de forma horizontal.
No mesmo sentido, a Ambev se concentra na digitalização e colaboração e já tem um ecossistema com mais de 13 mil startups. Um dos resultados do uso da tecnologia vem do Zé Delivery, aplicativo que já está em mais de 200 cidades no Brasil e em 2020 realizou 27 milhões de entregas. Com isso, a empresa volta o olhar ao crescimento dos próximos 20 anos por meio do caminho da inovação.
O exemplo das gigantes inspira e aponta o caminho para as PMEs trilharem. De fato, alterar a rotina gerencial e operacional das empresas requer bastante planejamento e, muitas vezes, o suporte de profissionais especializados em inovação e transformação digital. O importante é saber que é possível e que a inovação não é mais um conceito distante. O que antes era visto como uma oportunidade tem se apresentado como uma realidade cada vez mais palpável.
João Silva, CEO da Creative Pack.