Há exatos 39 anos, Hollywood apresentava ao mundo um filme que mudaria para sempre nossa relação com o cinema. Aventura, romance, tragédias familiares, duelos de espadas, mitos, arquétipos, e tecnologia, tudo junto e misturado, trouxeram à vida um dos maiores sucessos de bilheterias de todos os tempos: Star Wars.
Sejam fãs mais antigos, sejam neófitos, é difícil achar alguém que, uma vez em contato com os eventos acontecidos "há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante", não sonhe com um sabre de luz, com a velocidade do Milleniun Falcon ou com as peripécias do robozinho R2D2.
Vamos, no entanto, fazer um exercício. Vamos imaginar que todo aquele universo é real. Que toda aquela tecnologia retratada nas telas seja realmente factível. Como tornar tudo funcional? Não tenho todas as respostas, mas de uma coisa tenho certeza: as APIs teriam um papel fundamental nesse processo.
Sem as APIs, obviamente desenvolvidas a um grau ainda longe de nossa atual realidade, seria praticamente impossível estabelecer o contato entre as milhares de interfaces de usuário e os serviços (comunicação, transporte, educação, saúde, entretenimento etc.) necessários para atender a vida cotidiana naquela realidade.
Vejamos apenas um exemplo: a Estrela da Morte, estação espacial de batalha do Império, destinada a destruir as forças rebeldes. De tamanho descomunal abriga milhares de pessoas, naves, armamentos, equipamento de telecomunicação e, podemos imaginar, mais uma infinidade de sistemas para mantê-la operacional.
Sem a correta integração entre suas diversas redes, seus gigantescos mainframes – ou, mais provável, uma super mega nuvem com uma capacidade de armazenamento colossal -, e até mesmo uma internet das coisas muito mais evoluída que a que a que conhecemos hoje, provavelmente a Estrela da Morte nem conseguiria se manter em órbita.
Imagine sua logística de construção, por exemplo. Como seria o funcionamento da cadeia de suprimentos necessária para construir e operar uma estrutura tão gigantesca? Podemos imaginar que frequentes mudanças de planos, revisões de procedimentos, recalls, versões diferentes de equipamentos, materiais de acabamento, entre outras tantas variáveis, seriam a tônica do projeto.
Neste cenário, os empreiteiros da obra e seus diversos fornecedores, certamente teriam a necessidade de criar novas tecnologias que facilitassem o andamento dos trabalhos e os ajudassem a administrar as mudanças constantes. Isso tudo lembrando que o gerente geral do projeto era o Darth Vader, capaz de sufocar seus interlocutores apenas com a força do pensamento.
Mesmo em um futuro ainda distante, podemos assumir que a principal exigência para a cadeia de fornecimento ainda seria o tempo. Para atingir seus objetivos de acabar com a rebelião, melhor seria para o Império se a obra estivesse pronta na metade do tempo. Se montagens rápidas e baixos inventários de armazenamento já são esperados nos dias atuais, não seria diferente numa construção tão complexa com a Estrela da Morte.
E é aí que as APIs fariam sentido!
Todos os desafios só poderiam ser gerenciados ao garantir que cada fase individual na cadeia de fornecimento fosse capaz de fazer entregas pontuais de forma confiável. Isso, consequentemente, teria desdobramentos nas soluções de TI usadas no projeto (alguém imagina um projeto dessa magnitude sem um sistema de TI central), que deveriam não apenas armazenar os prazos que foram cadastrados, como também monitorá-los e atualizá-los constantemente e em tempo real.
É por isso que as APIs desempenham um papel essencial na hora de gerenciar a cadeia de suprimentos. São elas que garantem integração e a conectividade dos operários, fornecedores, parceiros, inclusive aqueles externos – o que nesse caso poderia significar estar do outro lado da galáxia -, que precisariam cadastrar seus dados nos sistemas e interagir constantemente com a gerência, que estaria encarregada de organizar o status de entregas, os pedidos e as mudanças.
Outra função importantíssima das APIs no projeto de construção da Estrela da Morte diria respeito à segurança. Medidas estáveis deveriam ser definidas para proteger toda a cadeia de suprimentos. Nesse contexto, as APIs serviriam como um nível intermediário de segurança ao permitir que a infraestrutura de TI aceitasse novos canais de acesso de forma aberta e dinâmica, gerenciando os acessos e integrando a largura de banda necessária para permitir que os aplicativos externos "conversassem" com a nuvem. Somente com uma gestão de API bem projetada, os dados sensíveis e os processos de TI essenciais para o projeto ficariam protegidos de Luke Skywalker e seus amigos rebeldes.
Por tudo isso, acredito que as APIs seriam fundamentais para o universo Star Wars! Aliás, não precisamos ir tão longe no futuro para ressaltar a necessidade de um projeto bem gerenciado de APIs. Isso já vem acontecendo atualmente.
As mais recentes arquiteturas de TI já se destinam a estender o uso das APIs como um elo entre aplicativos, para unificar ao máximo as tecnologias de integração e identificar novas oportunidades. As APIs são usadas não somente para a integração com dispositivos móveis, a nuvem, as redes sociais e os parceiros, mas também para permitirem um novo modo de integração com os aplicativos internos.
Todos esses usos constituem o mercado da gestão das APIs que, segundo Forrester, deverá quadruplicar até 2020, ou seja, trará excelentes perspectivas para este setor. Além disso, projetos digitais envolvendo APIs são cada vez mais implementados em muitas áreas: bancos, seguros, fornecedores de energia, laboratórios farmacêuticos, montadoras de automóveis e até, governos que, no futuro, se as "previsões" de Star Wars se confirmarem, significará governar a galáxia. Que a Força esteja com a gente!
Marcelo Ramos, VP sênior e gerente geral da Axway para a América Latina.