As fraudes no sistema financeiro atingiram níveis inéditos de sofisticação, aproveitando inovações tecnológicas e vulnerabilidades humanas. Para enfrentar esse desafio crescente, uma abordagem proativa e integrada à prevenção de fraudes é essencial. Com perdas estimadas em R$ 71,4 bilhões no Brasil, implementar frameworks abrangentes para proteger instituições e clientes tornou-se mais crítico do que nunca. De acordo com o Relatório de Identidade Digital e Fraude de 2024, da Serasa Experian, 71% dos brasileiros demonstram preocupação com fraudes online, roubo de identidade e segurança digital. O volume de armadilhas online também inibe os consumidores de obter benefícios. Segundo a pesquisa Future Consumer Index (FCI) de abril de 2024, mais de 60% dos consumidores brasileiros não têm interesse em compartilhar dados em troca de promoções personalizadas, recomendações de produtos e outras vantagens.
A conscientização crescente sobre o assunto está pressionando as instituições financeiras a adotarem estratégias avançadas e se alinharem a mudanças regulatórias, como a Resolução 6 do Banco Central do Brasil. Essa regulamentação exige o compartilhamento de informações sobre fraudes entre instituições em até 24 horas, aumentando a rapidez e a eficácia das respostas. Ferramentas de apoio, como o Mecanismo de Devolução do Pix (MED), já recuperaram bilhões de reais desde sua implementação, demonstrando o sucesso de sistemas de detecção de fraudes.
Construindo um framework antifraude eficaz
Para lidar com a natureza em constante evolução das fraudes, as instituições financeiras (IFs) devem adotar frameworks abrangentes baseados em quatro pilares:
Governança e supervisão
Uma governança eficaz envolve definir claramente papéis e responsabilidades, garantir a responsabilidade da alta gestão e implementar Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs) robustos para riscos de fraude. Auditorias independentes e órgãos de supervisão são essenciais para avaliar e refinar as medidas de controle de fraudes.
Avaliação e gestão de riscos
Avaliações regulares de risco de fraude permitem que as IFs compreendam suas vulnerabilidades e priorizem recursos de forma eficaz. Isso inclui identificar tipologias de fraudes, compreender o comportamento do cliente e implementar estratégias de prevenção personalizadas.
Insights baseados em dados e tecnologia
Aproveitar tecnologias avançadas como aprendizado de máquina, biometria comportamental e monitoramento de transações em tempo real fortalece as capacidades de detecção de fraudes. Atualizações contínuas em algoritmos e fontes de dados garantem uma resposta rápida às novas ameaças.
Educação e conscientização dos clientes
Os clientes são cada vez mais alvo de ataques de engenharia social. As instituições devem priorizar a educação de seus clientes sobre como identificar tentativas de fraude, criar sistemas de alertas personalizados e fomentar a conscientização por meio de iniciativas do setor.
Desafios e oportunidades futuras
Com as fraudes se tornando mais sofisticadas, manter a qualidade consistente das estratégias de prevenção representa um desafio. Muitos frameworks ainda dependem fortemente de sistemas legados, destacando a necessidade de modernização e integração.
A inteligência artificial está sendo cada vez mais usada para proteger as empresas das ameaças cibernéticas. Segundo o estudo 2024 Global Cybersecurity Leadership Insights, da EY, as empresas que utilizam da tecnologia têm precisão média superior a 90% na detecção de spam, malware e invasões de rede. Essa capacidade da IA é decorrente principalmente da aprendizagem profunda que permite a essa tecnologia analisar volume maior de dados e mais heterogêneo em tempo real.
Um desafio notável envolve as "contas laranjas", que são utilizadas para facilitar lavagem de dinheiro e fraudes. Segundo o Banco Central, 1 em cada 10 mil transações via Pix é considerada crime. Os crimes envolvendo Pix também aumentaram 30 vezes só no primeiro semestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No Brasil, 59% dos casos de fraudes estão relacionados a essas contas. Fortalecer os controles de prevenção à lavagem de dinheiro durante o processo de abertura de contas e garantir monitoramento contínuo são passos essenciais para evitar as fraudes.
Fraudes, como as das contas laranjas, ocorrem em todos os tipos de instituições financeiras, de pequeno, médio e grande portes. Verificamos que as instituições de menor porte acabam sendo a porta de entrada de muitos fraudadores porque elas, muitas vezes, não investem nas tecnologias e nos processos adequados.
É essencial diagnosticar frameworks antifraudes, identificar lacunas críticas e implementar práticas líderes de mercado. Ao abordar essas vulnerabilidades, as instituições podem criar sistemas resilientes que protegem contra ameaças futuras e reforçam a confiança dos clientes.
Natalia Grigolin, Sócia de Prevenção à Lavagem de Dinheiro da EY.
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