A tecnologia que tanto favorece as atividades do cotidiano é carente de mão de obra especializada. Alguns estudos de mercado mostram que, no Brasil, essa lacuna será equivalente a mais de 400 mil postos de trabalho até o final deste ano. Ao mesmo tempo, para a próxima década, a projeção de crescimento para empregos no setor CTEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) é 40% maior em comparação aos setores que não são dessas áreas. O crescimento da economia digital, acelerado pela Internet das Coisas, coloca cada vez mais valor no uso e na análise da enorme quantidade de dados que vêm se tornando disponíveis, assim como na segurança e proteção dessas informações.
No intuito de impulsionar a preparação de profissionais para esse mercado tão amplo, a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR) e o Governo do Paraná, em parceria com o Núcleo Softex Campinas (NSC) – associação das empresas de software que atua em todo o Brasil –, Sebrae e Fundação Araucária, lançou no dia 14 um projeto de capacitação tecnológica que tem como missão preparar mão de obra especializada em tecnologia da informação (TI) para suprir a forte demanda de profissionais especializados. Denominado TechDev PR, a meta é promover treinamento para até mil alunos da região em seis meses. Empresas de tecnologia também apoiam a iniciativa, como é o caso da Furukawa, especializada em soluções para infraestrutura de telecomunicações e TI.
"Nosso estado é tecnológico, respira progresso e prosperidade. Temos as maiores indústrias e, para quem quer vender, dinheiro da iniciativa privada tem. Vejam, para as startups, tivemos um incremento de 36.8% no Paraná. A Softex está no Vale do Silício do Brasil!", destacou, durante a solenidade realizada no Palácio Iguaçu, Marcelo Rangel, superintendente Geral de Inovação do Paraná. "O mais importante da inovação é o entusiasmo, a vontade de compartilhar as experiências e de estarmos todos no mesmo propósito. Queremos que todo o estado funcione realmente como um ecossistema, redondinho! Depois, será apenas necessário fazer o match", completou, elogiando o projeto que supre uma carência não apenas nacional, mas, como Rangel destacou, internacional também.
O projeto tem a plataforma Workover como base tecnológica para a realização dos cursos. Ela traz uma jornada com uma série de trilhas de formação e conteúdos gratuitos. A capacitação leva em conta habilidades interpessoais (soft skills) e técnicas (hard skills). "As pessoas serão avaliadas e aprovadas, farão parte de uma lista de indicações para as empresas interessadas em contratar", disse o diretor de Projetos e Negócios Internacionais da Assespro-PR, Izoulet Cortes Filho. "O projeto une dois públicos: as empresas que têm suas deficiências de mão de obra, quando colocam as vagas e as competências que elas necessitam; e a comunidade, que busca a capacitação", completou. "A demanda crescente faz com que cada projeto seja complementado pelo outro. Uma ação isolada não vai resolver todos os problemas de formação na área de TI. Por isso, precisamos trabalhar em conjunto, desde a tecnologia mais básica até partes mais complexas", completou Adriano Krzyuy, também da Assespro-PR. Os cursos oferecidos pelo programa capacitarão profissionais para atuarem em atividades de concepção, desenvolvimento, publicação, manutenção e evolução de produtos e sistemas de base tecnológica, não somente em empresas que desenvolvem software, mas também em qualquer tipo de empresa que demande profissionais da área de sistemas e computação.
O TechDev não apenas surge como alternativa ao déficit profissional, mas também oferece algo a mais ao longo do treinamento. O projeto permite, por exemplo, que os candidatos tenham contato com as tendências mais recentes em desenvolvimento de software, design e empreendedorismo, o que contribui para dar acesso às empresas de base tecnológica por parte de interessados que até então não possuíam pré-requisitos para participar dos processos de seleção. Para as empresas que aderirem e colocarem suas marcas à disposição, a retórica também é interessante. "Conseguimos reduzir o custo de aquisição do profissional pela empresa. Apenas este indicador já justifica o investimento das empresas conosco, para ajudar a crescer esse bolo de participação e, fatalmente, capacitarmos mais pessoas, para, então, ajudar as próprias empresas que terão mão de obra boa à disposição", incentiva o presidente da Assespro-PR, Lucas Ribeiro. "O TechDev é uma iniciativa especial. Aqui está se oferecendo oportunidade para empresas e comunidade, contribuindo para o encontro de bons perfis em uma área que tanto cresce e é expoente no mercado de trabalho".
O TechDev é gratuito, tanto para as empresas quanto para os interessados na capacitação. O projeto foi viabilizado por meio de incentivos fiscais e é apoiado por recursos da Lei de Informática (incentivo fiscal para estimular a competição e a capacitação técnica de empresas brasileiras que produzem bens de informática, automação e telecomunicações), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. No entanto, para que mais pessoas possam ser capacitadas e tenham chances de uma colocação na área de TI, todo aporte é bem-vindo, inclusive, investimentos de ordem privada, pública ou direcionamento de incentivo fiscal.
Para o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, o projeto é mais do que capacitação em TI, é ação social. "Estamos com um número gigante de desempregados no Brasil e o setor de tecnologia tem vagas abertas. Então, quando você oferece capacitação, como é o projeto, é extraordinário. As universidades têm um currículo de formação mais genérica e, com a oferta desses cursos, estamos fazendo um grande movimento para o ingresso desses jovens e, quem sabe com ele, crescendo ainda mais, colocando milhares de jovens no mercado de trabalho no nosso Paraná", comentou, destacando o formato do TechDev.