A desglobalização é o novo desafio – e o Brasil tem a oportunidade de liderar

0

Estamos vivendo uma mudança histórica. A globalização, que por mais de quatro décadas guiou o comércio internacional, está sendo desafiada como nunca. A pandemia de 2020 expôs as falhas da cadeia de suprimentos global, e a partir de 2025, com as tarifas impostas pelos EUA e as contramedidas da China, ficou claro: entramos em um novo ciclo econômico, um processo de desglobalização que vai redefinir mercados, produtos e geopoliticamente o equilíbrio de poder.

E o Brasil? Tem a capacidade de se reposicionar de forma estratégica nesse novo cenário?

O Brasil tem a chance de liderar – se agir rápido

Enquanto as potências econômicas erguem barreiras comerciais, o Brasil tem uma oportunidade rara de ocupar um espaço que outras nações estão deixando vago. Setores como máquinas, equipamentos, eletrônicos e commodities são áreas onde temos empresas capazes de absorver a demanda reprimida global. Mas isso exige mais do que uma simples adaptação. Exige uma verdadeira transformação estrutural e, principalmente, inovação.

Nosso país está repleto de oportunidades, mas essas exigem uma mentalidade proativa e uma visão voltada para o longo prazo. O Brasil tem diante de si uma chance única de se posicionar não apenas como fornecedor de commodities, mas como um verdadeiro polo de inovação tecnológica e industrial. Para aproveitar essa oportunidade, é essencial que adotemos uma postura estratégica, investindo em inovação e desenvolvimento de novas tecnologias. O futuro do Brasil depende da nossa capacidade de transformar potencial em ação concreta, construindo uma base sólida para liderar o mercado global de forma sustentável e competitiva.

Investir em inovação: A chave para o protagonismo brasileiro

A verdadeira mudança começa com investimento em inovação. Entre 2024 e 2026, o Brasil conta com o reforço de R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), em condições de prazo, carência e juros bem mais vantajosos do que as usuais e pragmáticas emissões de dívida e debêntures às quais o mercado teima em acessar, corresponsável pelo alto grau de comprometimento financeiro de boa parte das indústrias. Como vimos recentemente em nosso estudo, quase 1/3 do Lucro Operacional Bruto das companhias se destina a pagamento de juros.

Já no NIB empresas que buscam renovar seus processos e tecnologias desfrutam de anos de carência, juros por vezes abaixo da inflação oficial do Brasil e mais de uma década para liquidarem seus empréstimos, tempo muitas vezes mais do que suficiente para frutificar seus planos de inovação. No entanto, esse capital não está sendo acessado por novos players, mas sim por aquelas empresas que já ocupam cenário de destaque nacional. Menos de 250 empresas no ano de 2024 acessaram linhas destinadas à inovação empresarial, sob qualquer parâmetro um número baixo perto do patamar de dezenas de milhares de empresas de grande porte que possuímos.

A transformação desse recurso em uma vantagem competitiva real depende de uma mudança de mentalidade. É fundamental que os empresários brasileiros enxerguem a inovação como uma prioridade urgente, não como uma escolha opcional. Para que nossa indústria se destaque no cenário global, não podemos nos limitar a seguir tendências; precisamos ser protagonistas dessa transformação, liderando as mudanças e não apenas reagindo a elas.

A hora de agir é agora

Em um ambiente global cada vez mais fragmentado, o Brasil tem a chance de se reposicionar como uma grande potência econômica, não porque a globalização nos deixou uma herança favorável, mas porque as condições estão prontas para um renascimento. Porém, esse renascimento não será espontâneo. Ele exige uma mudança de mentalidade, com empresários e líderes dispostos a investir em tecnologia e a correr riscos calculados.

Toda crise revela um mar de oportunidades. Mas apenas para aqueles que sabem olhar além do imediato e agir com visão estratégica. Quem se mover agora, investindo em inovação e desenvolvimento, será o líder dessa nova ordem econômica. Para o Brasil, esse é um momento de virada: podemos escolher ser espectadores ou protagonistas. Eu escolho liderar.

Fabrizio Gammino, Co-CEO da Gröwnt.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.