Do hype à transformação: IA, blockchain e Web3 no futuro dos negócios

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Estar no South Summit 2025, em Porto Alegre, foi mais do que participar de um evento de inovação. Foi validar que estamos no ponto de virada entre o entusiasmo e a aplicação estratégica, ética e transformadora das tecnologias emergentes, com a inteligência artificial (IA) no centro da conversa, e Web3 e blockchain andando lado a lado.

IA: muito além do hype

O que Antonio Martins (IBM) apresentou foi certeiro: está superada a fase do "brinquedo novo" da IA. Não se trata mais de usar um gerador de texto para agilizar um e-mail. As empresas que estão realmente colhendo valor são as que colocam inteligência artificial dentro do coração do negócio. E isso exige muito mais do que bons prompts. Exige explicabilidade, ética, governança, eficiência e confiança. Sem isso, o uso e os resultados não escalam.

Esse discurso foi ao encontro do que vi no painel do Banco do Brasil, que vem aplicando IA desde 2013 e já processa bilhões de transações por ano com modelos treinados para segurança, atendimento e eficiência operacional. Mais do que isso: está democratizando o acesso à IA para empreendedores e pequenas empresas, colocando copilotos digitais onde antes havia lacunas humanas. Internamente, estão formando seu time para essa nova realidade, com a clareza de que nem todo mundo vai virar desenvolvedor de IA. Muitos serão apenas usuários da tecnologia e tudo bem. O importante é que saibam usá-la da melhor forma.

Web3, blockchain e o futuro da propriedade e eficiência

Enquanto a IA é cérebro e decisão, a blockchain funciona como o esqueleto transacional. No painel sobre Web3, ficou claro que o futuro não é só de ativos digitais — é de tudo que pode ser tokenizado, padronizado e auditado de forma segura.

Esse movimento não é moda. É eficiência sistêmica, comparável à padronização dos contêineres no comércio global. A Web3 redefine a propriedade de ativos, de dados e até mesmo de reputação. Imagine um motorista de app que leva seu rating entre diferentes serviços, ou um criador de conteúdo que é dono da sua comunidade, e não refém das plataformas.

E o mais interessante? IA e blockchain não competem, se complementam. Enquanto a IA gera abundância (dados, decisões, personalização), a blockchain garante segurança e interoperabilidade. Juntas, elas viabilizam agentes autônomos que possuem ativos, contratam serviços, investem e operam com auditoria nativa via contratos inteligentes.

Varejo e agentes autônomos: a nova revolução

No setor de varejo, no qual possivelmente a aplicação de IA seja mais visível ao consumidor final, o uso de modelos generativos e agentes inteligentes está redefinindo tudo: da precificação dinâmica à roteirização de entregas e à personalização da jornada. Segundo a Amazon, os agentes autônomos serão o próximo salto evolutivo da IA — comparáveis a funcionários experientes, mas treináveis com dados e interconectados como microsserviços.

Isso muda a forma como concebemos o trabalho: equipes híbridas, compostas por humanos e agentes de IA, serão o novo padrão. Mas o humano no loop segue indispensável, especialmente diante dos riscos, da subjetividade e da necessidade de validação ética.

quick wins que ficam do South Summit 2025

  1. Não comece com a solução. Comece com a pergunta. A IA não serve só para responder bem — ela pode ajudar a descobrir qual é a pergunta que realmente importa. E isso muda tudo.
  2. Experimente rápido, aceite o erro, aprenda sempre. Inovação real não vem com OKRs rígidos. Vem com ciclos curtos de experimentação, aprendizado e adaptação. E isso vale para IA, blockchain, cultura digital e liderança. Projeto de inovação que já nasce com meta de aumento de 20% de qualquer coisa provavelmente não é inovação. Experimentar é aprender, não é entregar.
  3. Tecnologia não salva ninguém sozinha. Cultura salva. Empresas como IBM, Banco do Brasil, Amazon e tantas outras mostraram que, sem cultura de mudança, ética e colaboração, nenhuma tecnologia vence. Nem a mais avançada.

O futuro é misturado

Se 2023 foi o ano do deslumbramento com os modelos generativos, e 2024 o ano da organização, 2025 será lembrado como o ano da conexão: IA, blockchain e cultura. Precisamos da inteligência da IA, da segurança da blockchain e da cultura organizacional para passar por esse processo.

Wagner Cambruzzi, Data Intelligence Director no Brivia Group.

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