Com a economia em rápido crescimento, impulsionado especialmente pelas altas seguidas do preço do petróleo, a Rússia registra uma entrada diária de capital considerada ?exuberante?. Mas os bancos russos, dado seu baixo grau de automação, não estão conseguindo capturar todas as oportunidades que essa conjuntura favorece. A avaliação é do representante da Febraban e do Ciab (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras) que integra a missão financeira do Banco Central à Rússia, Maurício Minas, também vice-presidente da CPM e integrante do Comitê de Patrocinadores do Ciab Febraban 2006.
?Por força de sua história, a Rússia ostenta quase 2 mil bancos e a maioria deles tem uma agência só?, explica Minas. ?Essa realidade resultou num nível de automação pequeno?, disse Minas, que fez uma exposição a técnicos do Banco Central Russo e executivos de instituições locais, na quinta-feira (11/5), em Moscou, onde a delegação brasileira, chefiada pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, chegou na terça-feira, dia 9.
?Apresentamos a eles um panorama dos bancos brasileiros e seu atual modelo de negócios, o papel da tecnologia para o estágio de desenvolvimento das instituições bancárias e como essa tecnologia poderá migrar para as instituições russas?, contou Minas. ?Fizemos uma comparação entre o nível de automação do bloco dos países em desenvolvimento e mostramos a posição de liderança do Brasil?, acrescentou ele, referindo-se ao Bric, como vem sendo chamado o bloco que integra Brasil, Rússia, Índia e China.
Minas ressalta que a recepção tem sido muito boa e o interesse de intercâmbio de tecnologia, serviços e desenvolvimento de aplicativos é total. ?Os executivos russos entendem que, dentre todas as fontes de tecnologia, o Brasil é o que mais se assemelha à Rússia e que a maturidade dos bancos brasileiros floresceu devido aos investimentos pesados em tecnologia.? ?O Brasil é o benchmark da Rússia?, conclui ele.
Para responder ao crescente comércio bilateral, as instituições russas manifestaram interesse em parcerias com suas similares brasileiras e na adoção de tecnologia bancária nacional. No fim do ano passado, a Rússia tornou-se a décima maior importadora de produtos brasileiros, com um total de US$ 2,9 bilhões, ou 2,5% do mercado exportador total do país. Entre os anos de 2004 e 2005, a exportação para a Rússia cresceu 76%, índice muito acima do registrado no comércio com todos os outros 10 principais parceiros comerciais brasileiros.
Além da reunião com representantes de bancos locais e dirigentes do Banco da Rússia, a delegação promoveu visitas diretas a bancos comerciais localizados em Moscou. Hoje, ao final de toda a programação, a delegação oficial brasileira convidará representantes bancários russos para uma viagem ao Brasil para conhecimento direto dos sistemas e soluções de tecnologia bancária que adotamos. Convênios e acordos de cooperação, envolvendo inclusive o sistema de controle de metas de inflação, já foram assinados entre o BC e o Banco da Rússia.