TI deve continuar liderando fusões e aquisições no país, estima EY

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Quase metade dos CEOs globais (46%) pretende fazer operações de M&A (fusão e aquisição) neste ano, de acordo com estudo da EY, que entrevistou, no fim do ano passado, 1,2 mil executivos nessa função em 22 países e atuantes em seis indústrias. No recorte referente ao Brasil, que ouviu 50 CEOs, a porcentagem registrada é similar, com 44% indicando esse mesmo caminho.

O foco será investir em empresas que estejam em uma etapa inicial como forma de fortalecer os portfólios das companhias compradoras, mas isso não significa que negócios maiores serão descartados, dependendo apenas de uma oportunidade para sua concretização.

Em relação a como serão realizados esses negócios de M&A, 77% dos executivos brasileiros dizem que as fusões e aquisições serão feitas em mercados onde o país de origem das suas companhias mantenha forte ou boa relação geopolítica e econômica. Na amostra global, 78% dos CEOs apontam essa mesma resposta, o que demonstra um alinhamento entre o Brasil e os outros países, resultado provavelmente da guerra entre Rússia e Ucrânia, bem como dos efeitos recentes da pandemia que impactaram de forma relevante as cadeias de suprimentos das organizações em todo o mundo.

"O cenário de 2023 ainda é marcado por juros altos e crescimento baixo, com setores de varejo e de bens de consumo especialmente impactados por essas condições adversas da economia. O segmento de TI deve continuar liderando o número de M&As no Brasil, por causa do movimento ainda em curso de transformação digital das empresas, mas com menos intensidade em comparação com os anos anteriores", diz Rodrigo Maluf, sócio-líder de M&A da EY Brasil. "Além disso, a escassez de capital novo para o financiamento de startups deve impulsionar nesse segmento um movimento de consolidação entre as empresas. Merecem atenção, ainda, os segmentos de saúde e de energia renovável, que vivem um momento de acomodação, com as companhias revisando seus planos de negócio, incluindo previsão de desinvestimento".

Expectativa para o ano que vem

Para 2024, ainda segundo o especialista da EY, o cenário começa a ganhar contornos mais otimistas, pois o novo arcabouço fiscal, inicialmente bem recebido pelo mercado, estará aprovado. "As expectativas de inflação no Brasil e nos Estados Unidos já permitem enxergar um arrefecimento do aperto monetário no horizonte. Com juros menores, devemos ter, no ano que vem, um ambiente de transações mais relacionado com a retomada dos investimentos do que com a reestruturação de portfólio das empresas como estamos vendo neste ano", afirma Maluf.

Essa característica em 2023 de reestruturação de portfólio das empresas fará com que cresça a participação dos fundos de investimentos na ponta compradora das operações de M&A. "Na esteira das baixas taxas de juros praticadas durante a pandemia, fundos de private equity e venture capital atingiram recordes de captação de recursos e terminaram o ano passado com cerca de US$ 3,6 trilhões de capital para investimento global, segundo a Preqin. Nesse contexto, devemos ver aumento das transações de companhias buscando liquidez por meio da venda de seus ativos para fundos de investimentos", diz Maluf.

O que também se espera para 2024 é que a volta do investidor estrangeiro ao mercado brasileiro impulsione os preços dos negócios que serão realizados. "No entanto, ainda que possamos prever maior participação do estrangeiro em M&As, são os investidores locais que figuram no topo da lista de transações no Brasil, tendência que deve se repetir não apenas neste ano como no próximo", finaliza.

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