Kassab diz que manterá ações do antigo Ministério da Ciência e Tecnologia

0

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, defendeu nesta quarta-feira, 15, a criação da pasta, originada da fusão dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações. A medida, no entanto, foi criticada pela comunidade de pesquisadores do país.

Kassab participou de audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, marcada por discussões entre deputados do governo e da oposição e por críticas de entidades ligadas à área de pesquisa e tecnologia à fusão dos dois ministérios.

Em resposta às questões dos deputados e às críticas das entidades, Kassab garantiu a manutenção dos principais programas do antigo ministério. "Assumo o compromisso de manter os programas do ministério e de tentar, junto com o Congresso, reverter a tendência de queda do orçamento da área", disse o ministro, ao responder a perguntas dos deputados Sibá Machado (PT-AC), Margarida Salomão (PT-MG) e do ex-ministro da Ciência e Tecnologia, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ).

Kassab referia-se principalmente aos programas relacionados a pesquisas nuclear, de satélites e banda larga.

Ele também assumiu o compromisso de prosseguir na negociação de empréstimo de R$ 1 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento de pesquisas.

Manifesto contra a fusão

No início de maio, assim que foi anunciada a fusão, 13 entidades ligadas à área de pesquisa assinaram um manifesto contra a extinção do Ministério da Ciência e Tecnologia. Segundo o documento, a fusão dos dois ministérios "é uma medida artificial, que prejudicará o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país". O texto foi endossado, entre outras entidades, pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Kassab respondeu às críticas com a alegação de que existe "sinergia" entre as duas áreas. A redução do número de ministérios, segundo ele, é uma exigência da sociedade. "A redução de ministérios é o primeiro passo para uma reforma administrativa e um dos pontos mais focados pela população é a redução dos ministérios, que caíram de 39 para 23. Tenho certeza de que nas próximas eleições a população vai cobrar redução maior ainda", disse.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Helena Nader, considerou a extinção do ministério um antecedente perigoso para o setor. "Concordo que é preciso enxugar a máquina, mas há outras maneiras de fazer isso que não seja sobre o Ministério da Ciência e Tecnologia. Em todos os lugares do mundo, a ciência e tecnologia são consideradas o motor da economia. Quando o governo federal faz isso, os estados podem começar a fazer também", alertou.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, também criticou a fusão dos ministérios. Segundo Davidovich, a medida enfraquece o setor de pesquisa e inovação, que ele considera fundamental para que o País supere a crise econômica.

"O que está em jogo é o futuro do País. Os Estados Unidos investem 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. Coreia do Sul e Israel, 4%. O Brasil não chega a 2%", comparou.

Davidovich apontou que o setor de pesquisa já enfrenta dificuldades, como corte orçamentário e a falta de investimento dos recursos arrecadados pelos fundos setoriais. O resultado se reflete no número de pesquisadores do país.

Ele apresentou dados que mostram que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Econômico (OCDE) têm 7.600 pesquisadores por milhão de habitantes, enquanto outros, como a Argentina, tem mais de mil e o Brasil apenas 760. As informações são da Agência Câmara.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.