Muitos permanecem céticos a respeito dos benefícios propostos pela nova coqueluche do mercado, a SOA (Software Oriented Architecture ou Arquitetura Orientada a Serviço). Explicar essa desconfiança não é tarefa difícil. Afinal, com uma observação mais apurada, é possível identificar erros comuns em diversas iniciativas de implementação. Para se alcançar as vantagens esperadas é preciso superar obstáculos, alguns técnicos e outros políticos. Implementar SOA representa cumprir etapas pragmáticas, com objetivos de longo prazo e com uma otimização que pode ser alcançada rapidamente. Vamos conhecer alguns erros mais comuns de SOA e, principalmente, como evitá-los.
O primeiro erro a ser destacado é a "exuberância irracional de SOA". Os componentes pré-SOA foram projetados para aperfeiçoar as operações de engenharia de software. Por isso, o projeto deve ser uma etapa independente e dedicada. Planeje os serviços em funções do negócio e não como os módulos de software técnicos.
Atrelado a isso, pode-se identificar outro erro: "a não preocupação com os dados". Os serviços de SOA são recursos de longo prazo. Quando estes serviços não têm um planejamento sistemático, podem até trabalhar bem para projetos curtos. Mas serão ineficientes para o objetivo final. Quando se esquece os dados no decorrer do processo, facilmente pode-se conduzir o trabalho para um mau desempenho, o que interfere na integridade da aplicação.
Outro "pecado" é delegar SOA para os "técnicos". Uma das grandes promessas do SOA é estreitar a distância entre a TI e o negócio da empresa. Por isso, reconheça que o projeto de SOA é um desafio compartilhado para o negócio da empresa e não o deixe apenas com a área de TI.
Seguindo nesta linha, é muito comum derrapar na falha conhecida como "começar grande". SOA é uma iniciativa de longo prazo e bastante complexa. Por isso, é preciso investir no desenvolvimento das melhores práticas e promover a cultura dentro da organização antes de iniciar o projeto. Deve-se adotar um crescimento gradual com a subdivisão do projeto em componentes menores. O esforço deve ser aplicado inicialmente em um espaço relativamente pequeno e expandido com o tempo. Crie expectativas de longo prazo, mas execute o projeto incrementando e aprendendo durante o processo. Assim é possível controlar os riscos de transição.
Uma falha comum é "começar no lugar errado". Para escapar desta ameaça, é preciso perguntar: onde se dá o início do ciclo de negócio? É exatamente onde deve ser iniciado o projeto crítico em SOA. Por fim, deve-se destacar o fator "Todos pensam como você". Como foi apontado anteriormente, este é um esforço em longo prazo. Cada nível da implantação tem um papel distinto. Provavelmente, cada um dos envolvidos também possui uma compreensão diferente. Considere estas diferenças e exercite a comunicação empresarial em todos os níveis da empresa.
Como último ponto, não devemos "adotar SOA antes de estarmos pronto". É fundamental apostar em um projeto de escala reduzida, que não exija altos investimentos ou habilidades sofisticadas. Em seguida, a corporação que adotou SOA recentemente deve se concentrar em esforços para introduzir outras iniciativas de pequeno porte dentro da organização.
Miguel Ornelas é gerente de negócios corporativos da B2Br.