O grupo Pão de Açúcar, dona de uma das maiores redes de super e hipermercados do país, com 1 055 lojas espalhadas por 17 estados e 79 mil funcionários, decidiu que era hora de mudar o jeito como a área de tecnologia da informação vinha sendo tratada e agora resolveu adotar uma estratégia sustentável. Com foco na redução no consumo de energia e aumento da produtividade, a empresa iniciou uma nova etapa, privilegiando mecanismos para gerir sua cadeia de negócio. "Priorizamos as inovações que preservem a segurança das informações, qualidade do serviço e que promova redução de custos e de insumos o que permite um alinhamento perfeito dentro do conceito de gestão sustentável", declarou Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do grupo.
Em três anos – 2008 a 2011 –, a empresa vai investir R$ 150 milhões no processo de transformação tecnológica que inclui a troca de equipamentos, substituição de programas de gestão e criação de novos serviços. Como resultado, a companhia espera obter maior agilidade dos processos e sistemas, além de economia de custos e benefícios a toda cadeia, com economia energia, insumos e, consequentemente, menor impacto ambiental.
Uma das medidas nesse sentido será a instalação de "terminais magros", ou thin clients, como são conhecidos, computadores que não possuem softwares instalados e que trazem entre os seus diferenciais a garantia da segurança dos dados. Todos os aplicativos estão centralizados em um servidor que executa aplicativos em massa, processados em uma central e que permite significativa redução no consumo de energia – enquanto um computador normal consome em torno de 250 W/h, um thin client gasta em média 15 W/h, ou seja, 94% menos no consumo de energia. No mês, considerando as máquinas ligadas 24 horas por dia, um terminal economizará 169.200 W em relação ao desktop tradicional.
Neste ano a empresa irá instalar 3,5 mil thin clients incluindo os equipamentos da sede administrativa e lojas. Para 2010, serão mais 3 mil terminais e até 2011 todo parque de máquinas será substituído. Hoje o grupo Pão de Açúcar possui em torno de 10 mil equipamentos. "O processo de instalação de thin clients facilitará não só a qualidade na segurança dos dados da companhia, como também na significativa redução no consumo de energia elétrica. Até 2011, todo nosso parque de máquinas estará adequado com essa realidade e com economia real que ultrapassa os R$15 milhões por ano", afirma Joaquim Dias Garcia Neto, diretor de TI do Grupo Pão de Açúcar.
Com a implantação inicial do novo modelo, a economia em energia elétrica será de R$ 4,5 milhões já em 2010, alcançando R$ 15 milhões em 2013. Outro fator positivo é o tempo de vida útil do novo equipamento – enquanto um desktop tradicional dura em média cinco anos, um thin client dobra esse tempo para dez anos. Por ser menor, é evidente que o thin client emite menos calor, portanto a economia gerada também pode ser percebida no consumo de ar-condicionado. Além de reduzir a energia que é absorvida em excesso, a instalação desses terminais também contribui para diminuir o ar que é dissipado no meio ambiente. Na fase inicial de implantação com as 3,5 mil máquinas, o consumo do ar-condicionado será reduzido de 60 mil KW/mês para 1344 KW/mês. Isso corresponde à economia de 97,8%.
Mudança no sistema legado
Parte dos R$150 milhões que o grupo Pão de Açúcar vai investir na área de TI será carreada para modificar todo seu sistema legado por softwares de mercado. O objetivo com essa medida é dar condições e suporte necessário ao crescimento previsto para a companhia, possibilitando maior robustez aos processos e agilidade nas tomadas de decisão. Entre as mudanças, a implantação do SAP, na área financeira, do SAS, na área de gestão do conhecimento e relacionamento com o consumidor, e do Oracle Retail, que será implantado em três fases.
"O grupo foi conduzido por um 'fusquinha' que nos deu condições para seguir o caminho até aqui. A estrada agora está mais longa e para percorrê-la com tranquilidade necessitamos de um veículo mais robusto", compara Garcia. "Temos um ambicioso plano de crescimento e precisamos de sistemas que acompanhem esse crescimento e as demandas dos nossos consumidores", explica. Batizado 'O Futuro do Varejo' o programa já conta com alguns processos já concluídos. É o caso do SAP, que garante a retaguarda das operações financeiras de todo grupo. No Oracle Retail o cronograma estabelecido prevê a substituição gradativa dos sistemas e processo, com finalização prevista para 2012. "A substituição não ocorrerá do dia para noite, ela será gradativa de maneira que possa trazer ganhos significativos em todo o processo e para o consumidor final", diz Alexandre Vasconcellos, diretor do programa Futuro do Varejo.
A primeira fase do Oracle Retail já teve início e contempla entre outros, por exemplo, o impacto de promoções para que os pedidos sejam feitos de maneira mais acertada evitando portanto rupturas – ou ainda excesso de estoque. As categorias começam a migrar para o novo esquema no início de 2010 com prazo de conclusão até o primeiro semestre do mesmo ano.
No início de 2010 também se inicia a segunda fase do projeto, que contempla a automação das centrais de distribuição do grupo, quem somam 18 em todo Brasil, além de dez unidades do Ponto Frio, adquirido recentemente. Já a finalização do projeto prevê estudos para que haja significante melhoria de campanhas promocionais.
O grupo conclui neste ano a retirada de todas as impressoras periféricas existentes na sede administrativa que foram substituídas por apenas um equipamento por área/andar com uso condicionado a programação de senhas. Ao enviar o documento para impressão, o usuário deve se dirigir ao equipamento para digitar o referido código, evitando impressões desnecessárias.
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