A IBM anunciou oficialmente nesta terça-feira, 15, a abertura de seu segundo data center no Brasil, localizado em Jundiaí, no interior de São Paulo, com objetivo de oferecer aos clientes e parceiros de negócios a plataforma de hospedagem de serviços em nuvem Softlayer para rodar software como serviço (SaaS). A contrário do data center atual sediado em Hortolândia, que atende grandes empresas mediante contrato de longo prazo, a nova operação vai atender negócios de todos os portes, uma vez que o modelo é de pagamento por tempo de uso, aceitando inclusive cartão de crédito.
Ainda neste ano, a IBM também deve lançar o suporte web completo, em português, para clientes SoftLayer, e dessa forma facilitar a utilização da plataforma por empresas que, por motivo de compliance ou de preferência, não podem ter seus dados fora do país, já que necessitam de contratos de SLAs e documentação fiscal no país.
Para clientes globais, a contratação do novo data center vai permitir que tirem proveito de velocidades de rede mais rápidas, devido a comunicação entre os 40 data centers que a IBM possuiu ao redor do globo e uma vez que o custo já faz parte do acordo de prestação de serviço. No caso desse data center, há um espelhamento com os data centers de Nova York e Miami, de maneira a garantir redundância e a recuperação de dados, garantindo assim a continuidade dos negócios no caso de incidentes.
Apesar de a IBM possuir mais um data center na América Latia, na cidade de Queretaro, no México, por uma questão de impostos é mais vantajoso utilizar os das duas cidades norte-americanas.
Tomaz Oliveira, vice-presidente de cloud computing da IBM Brasil, explica que qualquer pessoa pode contratar um dos data centers da empresa, pois cada um pratica preços diferentes, até mais baratos que os cobrados no Brasil. Entretanto, quando se aplica os impostos de serviços contratados no exterior, essa vantagem aparente desaparece, além da flexibilidade na forma de pagamento local.
"Estamos passando por um momento de grande mudança, em que a ruptura dos modelos de negócios tradicionais é constante e exige uma adaptação quase instantânea. Ao longo de quase cem anos no Brasil, a IBM se dedicou ao atendimento das necessidades das organizações e neste momento vemos o cloud computing como um facilitador para as empresas entrarem e sobreviverem neste novo cenário", diz Oliveira. "A adoção da computação em nuvem cresce rapidamente e o nosso novo data center em São Paulo reforça ainda mais nosso compromisso com o sucesso dos nossos clientes e com a região, nos permitindo fornecer os melhores serviços de nuvem", completa.
Receita com nuvem
Nos últimos 12 meses, encerrados em junho passado, a receita da IBM com serviços de computação em nuvem atingiu US$ 8,7 bilhões. No ano fiscal de 2014, encerrado em dezembro passado, a empresa faturou US$ 4,5 bilhões, o que representa um crescimento de 60% em relação ao ano anterior.
De acordo com a empresa de pesquisa e consultoria Frost & Sullivan, o mercado de computação em nuvem no Brasil deve crescer mais de dois dígitos nos próximos dois anos devido ao crescente interesse das empresas pela tecnologia. Segundo a consultoria, o segmento brasileiro de cloud computing alcançou US$ 474,8 milhões em 2014 e deve atingir US$ 1,11 bilhão em 2017.
Apesar de a redução de custos continuar sendo a principal razão para a adoção da tecnologia, 45% dos executivos de TI brasileiros que responderam pesquisa Frost & Sullivan disseram que a computação em nuvem dá suporte à inovação de seus negócios, enquanto outros 45% disseram que provê grande flexibilidade para suas empresas explorarem novas oportunidades de mercado.
Um sintoma dessa mudança é que a IBM está prospectando negócios até então "fora do seu radar", como agências digitais, desenvolvedores de games, empresas de monitoramento de redes sociais, entre outras. Alem disso, ela também passou a oferecer seu próprio portfólio através do novo data center, como soluções de gerenciamento de e-mail, segurança, e-commerce, etc.
Serviços de infraestrutura
O novo site também pode hospedar soluções baseadas em OpenStack, incluindo as da Blue Box, companhia recém-adquirida pela IBM. Isso, segundo ela, vai ajudar a ampliar o alcance de qualquer ambiente OpenStack, permitindo que os clientes se conectem a infraestrutura e serviços gerenciados que suportam arquiteturas tais como AIX em Power Systems. O resultado é maior flexibilidade e escolha para os clientes quando se trata de padrões abertos e implementações de nuvem híbrida.
Com capacidade para 9 mil servidores e potência de 2.8 MW, o data center oferece toda a gama de serviços de infraestrutura IBM Cloud, como servidores físicos e virtuais, armazenamento, serviços de segurança e redes. Ele tem certificação Tier 3 do Uptime Institute, que garante que não haja interrupções no caso de substituição e manutenção de equipamentos.
Além da contratação direta no site, a IBM está incentivando seus parceiros e integradores a desenvolverem negócios na nuvem específicos para os clientes. Ela também presta um serviço de advisor para ajudá-los na trajetória de migração para a nuvem e transformação digital. Oliveira, disse ainda que a companhia está em conversações com grandes empresas, que podem comercializar os serviços de cloud como "white label", com sua própria marca. "Esse mercado está vivendo por um momento de consolidação, onde só sobreviverão grandes empresa com volume e preço competitivo", prevê Oliveira. Para ser ter uma ideia, a IBM mais que dobrou a capacidade geral de data centers da SoftLayer desde que investiu US$ 1,2 bilhão em 2014 para uma expansão maciça de data centers pelo mundo.