O mercado brasileiro de TI continua crescendo e nada indica que irá parar tão cedo. Diversas economias emergentes, como México, Índia e
China estão no mesmo barco. A IDC previu um crescimento de mais de 15% nos investimentos em tecnologia neste ano de 2007. O Brasil tem destaque no ranking do orçamento de TI neste ano. Segundo o relatório do Gartner Group, o orçamento de TI no Brasil deve crescer 8,3% enquanto no mundo inteiro este número chegará apenas a 3,1%. A expectativa é que no ano
que vem este número seja ainda maior. Se considerarmos apenas o setor de software e serviços, verificamos que houve um aumento real (descontada a variação cambial) de 13% em 2006 segundo a IDC. A expectativa é que o crescimento até 2010 seja de aproximadamente 12% ao ano.
Com todo este desenvolvimento e com a escassez de mão-de-obra especializada que já é notada no mercado nacional, é natural que, em algum momento, possa haver uma ruptura no processo. Segundo o IDC, o mercado mundial de TI terá um déficit de 3 milhões de profissionais. A maior demanda de mão-de-obra especializada está focada no nível operacional de TI, ou seja, nos processos de negócios. Naturalmente haverá necessidade crescente também para profissionais com maior especialização e visão mais ampla, como engenheiros de TI. Porém o número de vagas para este nível de formação chega somente a um terço do total de recursos na Índia. Números semelhantes podem ser extrapolados para o mercado brasileiro.
Some-se a isso a migração de mão-de-obra especializada para outros países. A China realizou recentemente uma feira no Brasil para mostrar
as oportunidades de trabalho em TI naquele país. Empresas estrangeiras também estão recrutando profissionais brasileiros de TI. Com isso o mercado nacional fica cada vez mais carente de recursos especializados. Somente uma instituição, a associação Belta, enviou cerca de 70 mil pessoas, de diversas áreas, para fora do território nacional.
Como há uma tendência de tornar o Brasil um pólo prestador de serviços de TI, a perda de profissionais locais qualificados para outros países é uma preocupação e um grande desafio para o mercado nacional. É necessário formar o maior número de profissionais, capacitá-los rapidamente para lidar com a tecnologia, especializá-los para gerar resultados para as empresas e dar-lhes boas condições de trabalho aqui mesmo no Brasil.
Celso Henrique Poderoso de Oliveira é coordenador dos Cursos Superiores de Tecnologia da FIAP ? Faculdade de Informática e
Administração Paulista.