O Ano é 2018. Você sai do trabalho e está a caminho de casa. Durante o percurso sua geladeira envia uma mensagem para seu celular, lembrando-o de que você está sem refrigerante e indicando o supermercado mais próximo. Chegando em casa, a garagem abre automaticamente (pois seu celular está conversando com o sistema de segurança caseiro), a televisão liga no seu programa favorito, o ar condicionado regula a temperatura, as luzes ajustam a claridade e o microondas apita, indicando que sua pipoca com manteiga está pronta.
Este é o começo da era da "Internet das Coisas", tempo onde toda a massividade de objetos do cotidiano estão conectados uns aos outros, conversando, interagindo e tornando nossa vida mais fácil.
Apesar de parecer com um futuro utópico, digno de StarTrek, esse movimento está se tornando uma realidade. Grande parte dos fabricantes de bens de consumo "comuns", como eletrodomésticos, já está testando versões dos seus produtos (torradeiras, geladeiras, cafeteiras etc) com conexão à internet. No entanto, embora essas empresas tenham um grande know-how sobre a fabricação destes eletrodomésticos, elas conhecem pouco sobre as implicações desta conectividade. E é aí que mora o problema.
Imagine essa conectividade se voltando contra você: que sua geladeira, ao invés de te avisar sobre algo faltando, regulasse repentinamente a temperatura estragando todos os seus produtos, ou que sua televisão fosse usada para te mostrar propagandas o tempo inteiro, ou ainda, que o sistema do seu carro fosse "hackeado" por alguém dirigindo próximo a você e causasse um acidente.
O movimento "Internet of Things" – ou "Internet das Coisas" – está transformando aparelhos comuns do nosso dia a dia em versões conectadas e vulneráveis dos mesmos. Um estudo feito pela Hewlett Packard mostra que 70% dos produtos conectados atualmente possuem sérias vulnerabilidades facilmente exploradas. A principal razão por trás desta vulnerabilidade é a falta de experiência dos grandes produtores neste campo de atuação.
A defesa e segurança de computadores é um campo que já existe há anos e muito do conhecimento acumulado ao longo deste período pode ser aplicado neste novo segmento chamado de "Internet of Things Security" (IoT Security). O aproveitamento deste conhecimento pode tornar o processo de proteção mais simples e rápido do que seria começando do zero. Agora é o momento de aumentar a consciência das empresas produtoras sobre este problema: profissionais de segurança da informação devem chamá-las à mesa para discutir a questão e propor soluções. Em alguns anos, a segurança da sua geladeira será tão importante quanto a segurança do seu notebook ou tablet.
Marcello Lins, desenvolvedor da BigData Corp.