A Telemar não pretende reformular a proposta de reestruturação societária, rejeitada pelos preferencialistas em Assembléia Geral Extraordinária (AGE) realizada nesta sexta-feira, 15, no Rio de Janeiro.
?No momento não há possibilidade nenhuma de isso acontecer?, afirmou o presidente do grupo Telemar, Luiz Eduardo Falco.
Segundo o executivo, na proposta original, os acionistas controladores já estariam aceitando o menor retorno possível para seus investimentos. Falco se disse ?frustrado? com o resultado da AGE, porque a reestruturação permitiria que a Telemar tivesse mais agilidade para atuar em um cenário de consolidações do setor.
A reestruturação societária da Telemar foi reprovada com os votos de investidores que representam 36,94% das ações preferenciais da companhia. Votaram a favor da reestruturação 28,94% dos preferencialistas. Ao todo, estiveram na assembléia representantes de 66% dos papéis preferenciais. O quórum mínimo era de 25%. Na primeira e na segunda convocações, quando o quórum era de 50%, haviam comparecido 29,17% e 35%, respectivamente.
A proposta foi reprovada apesar da participação de acionistas ordinaristas que detêm também ações preferenciais, como BNDES e Previ, que eram a favor da reestruturação.
A razão para a maioria dos presentes ter votado contra foi a relação de troca de ações proposta para os preferencialistas, que teriam sua participação diluída na nova empresa. Falco, entretanto, lembra que, apesar da diluição, esses acionistas ganhariam com a valorização da companhia.
Vale lembrar que, por decisão judicial, mesmo se tivesse sido aprovada, a reestruturação só passaria a valer depois que a 1ª Câmara Cível julgasse o processo movido pela Pólo Gestão de Recursos Ltda, acionista minoritário que questiona a relação de troca dos papéis.
Segundo Falco, agora a prioridade da Telemar passa a ser aquisições de empresas, e entre elas estaria a TIM.
Histórico
A reestruturação societária da Telemar tinha como objetivo pulverizar o controle da companhia e permitir sua entrada no chamado "novo mercado" da Bovespa. Com a incorporação dos papéis pela Telemar Participações (TmarPart), todos os acionistas passariam a ter direito a voto e tag along.
O conselho de administração passaria a ser composto de no máximo 11 membros, a maioria independentes. O número de votos por acionista ou grupo de acionistas com o mesmo interesse seria limitado a 10% do capital. Além disto, se alguém obtivesse mais de 20% de participação na empresa deveria fazer uma oferta pública de aquisição das ações dos demais acionistas.
A reestruturação incluía também uma nova política de distribuição de dividendos. Em 2006 e 2007 seriam pagos R$ 3 bilhões em dividendos. E a partir de 2008, seriam distribuídos no mínimo 80% do fluxo de caixa livre, levando em conta a estabilidade financeira da empresa. A Telemar acreditava que todas essas medidas ajudariam a aumentar a liquidez das ações e valorizariam a companhia. Ao fim da reestruturação, a TmarPart trocaria de nome para Oi participações.
Na nova empresa, os preferencialistas, que hoje detêm 66,7% do capital da Tele Norte Leste Participações (TNL), passariam a ter 40,6% da TmarPart. Os ordinaristas, que atualmente têm 15,4% do capital da TNL, passariam a ter 24,7% na TmarPart. Por fim, os atuais controladores da TmarPart, dentre os quais estão GP Investimentos, AG Telecom, La Fonte, Previ e BNDES, que hoje têm direta e indiretamente 17,9% da TNL, ficariam com 34,6% da TmarPart após a reestruturação. Fontes do mercado acreditam que o GP iria vender sua participação após a reestruturação.
Tombo da Telemar e da BrT
Como se poderia prever, a rejeição da proposta de reestruturação bancada pelos controladores da Telemar fez despencar as ações ordinárias (votantes) da companhia, e por tabela levou para baixo as ações ordinárias da Brasil Telecom também.
No meio da tarde, as ONs da Telemar Participações caíam 20,99% na Bovespa, e as ONs da Telemar Norte Leste caíam 14,69%.
Já a Brasil Telecom viu as suas ações ordinárias caírem 10,89% na holding e 7,37% na operadora.
Para a Brasil Telecom, o sucesso da remodelagem da Telemar abriria uma boa perspectiva de que a empresa fosse pelo mesmo caminho, o que resolveria o problema dos controladores (fundos de pensão e Citibank), que são vendedores.
Além disso, o modelo pulverizado permitiria, no futuro, uma fusão com a Telemar. Com a rejeição da reestruturação da Telemar, a Brasil Telecom terá que rever seus planos.