A Microsoft solicitou ao Escritório de Patentes dos Estados Unidos o registro de patente para um novo software que possibilita vigiar constantemente o funcionário sentado em frente ao computador por meio de suas expressões faciais, pressão sangüínea, ritmo cardíaco, temperatura do corpo, movimentos e a expressão facial, segundo o jornal britânico The Times.
O jornal, que em reportagem desta quarta-feira (16/1) diz ter conseguido acesso ao pedido de patente, informa que a empresa pretende desenvolver um sistema que usa sensores sem fio para que o software capte com precisão detalhes como, por exemplo, a resposta elétrica da pele, os sinais cerebrais, o registro das correntes elétricas geradas num músculo. Além disso, o sistema poderia "detectar automaticamente a frustração ou o estresse do usuário" e oferecer ajuda quando for necessário. As transformações físicas do funcionário seriam comparadas com um perfil psicológico individual baseado no peso, na idade e nas suas condições de saúde.
Até então, este tipo de tecnologia, que permite a observação constante dos trabalhadores, era limitada aos pilotos ou aos astronautas da Nasa. O Times diz que esta é a primeira vez que a companhia se propõe a desenvolver seu "Big Brother" para todo tipo de escritório. As transformações físicas do funcionário seriam comparadas com um perfil psicológico individual baseado no peso, na idade e nas suas condições de saúde.
O Comissário de Informação do Reino Unido, grupos de liberdade civil e advogados dedicados à defesa da privacidade criticaram duramente o novo sistema. "O sistema significa uma intrusão em todos os aspectos da vida dos empregados. É muito discutível do ponto de vista de sua privacidade", afirma Hugh Tomlinson, advogado especializado na lei de proteção de dados. Peter Skyte, do sindicato United, disse que o projeto da Microsoft "leva a novos níveis de invasão da privacidade, enquanto o escritório do Comissário de Informação do Reino Unido declarou que "impor tal nível de intrusão na privacidade dos empregados só seria justificável em circunstâncias excepcionais", de acordo com o Times.
O Escritório de Patentes dos Estados Unidos confirmou na terça-feira (15/1) que a solicitação foi publicada no mês passado, um ano e meio após a Microsoft apresentar o projeto. Estima-se que a patente pode ser concedida em um ano.
Em comunicado, a Microsoft confirmou ter entrado com pedido de patente para um novo software, mas disse que não é da prática da empresa "fazer comentários sobre patentes em andamento porque podem sofrer alterações ao longo do processo de aprovação pelo Departamento de Patentes e Marcas Registradas dos EUA".