Dois terços (66%) dos Conselhos de Administração (CAs) consideram que suas empresas só podem ser resilientes se forem ambientalmente sustentáveis, demonstrando que essa relação se torna cada vez mais forte nos negócios, revela o Global Board Risk Survey, que foi produzido pela EY.
Os CAs nessa mesma porcentagem apontam interesse crescente dos investidores em todo o mundo, com análises cada vez mais detalhadas, em relação ao desempenho das empresas em ESG. Também por isso os conselheiros reconhecem que esses esforços serão cada vez mais importantes para que as organizações acessem os mercados de capitais.
O estudo entrevistou 500 conselheiros de administração de organizações com receitas anuais superiores a US$ 1 bilhão de vários setores econômicos. Os resultados, obtidos nos últimos três anos, revelam como os conselheiros estão supervisionando a gestão de riscos corporativos, com foco nas ações para melhorar a supervisão dessas ameaças e impulsionar objetivos transformacionais de negócio.
Por resiliência, o levantamento considerou a capacidade de as organizações se anteciparem, se prepararem, responderem adequadamente e se adaptarem a uma mudança sensível no ambiente de negócios. Como principais responsáveis pela gestão do risco, os conselheiros desempenham papel crucial na construção dessa resiliência. É seu papel auxiliar os executivos C-Level a identificar mudanças no ambiente de negócios, supervisionando como a organização reconhece essas transformações e responde aos riscos e oportunidades. Para criar valor a longo prazo, as empresas precisam da confiança dos clientes, colaboradores, investidores, membros da comunidade em que estão inseridas, reguladores, entre outros públicos. A resiliência é requisito indispensável para construir confiança.
Pressão por resultados no curto prazo
Assim como constatado em outros levantamentos da EY, a pressão dos investidores sobre os lucros no curto prazo tem impedido ou dificultado os investimentos das empresas a longo prazo em sustentabilidade – na avaliação de 66% dos respondentes.
No entanto, apesar desse cenário, 84% dos Conselhos de Administração altamente resilientes concordam que sua organização deve endereçar a agenda ESG, mesmo que ela reduza o desempenho financeiro de curto prazo. Essa porcentagem cai para 78% entre os investidores institucionais e para 55% entre CFOs e diretores financeiros.
Apenas 33% dos Conselhos de Administração menos resilientes têm esse mesmo entendimento, o que significa que, para a maioria deles, a agenda ESG, na ordem de prioridade, vem depois de resultados financeiros no curto prazo.
Novas regulações voltadas para o reporte de sustentabilidade
O Global Board Risk Survey destaca que as organizações em todo mundo estão se preparando para responder satisfatoriamente às novas regulações envolvendo relatórios de sustentabilidade.
As normas do ISSB contempladas recentemente pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) são um dos exemplos mencionados. Também foram lembradas, no contexto da União Europeia, a CSDDD (Corporate Sustainability Due Diligence Directive) e a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive). Já a SEC (Securities and Exchange Commission), nos Estados Unidos, propôs regras para esse tipo de reporte que devem ser lançadas ainda neste ano.
Para as empresas, na visão do estudo, a adoção dessas diretrizes é uma forma eficiente de demonstrar para o mercado seu progresso em sustentabilidade, dando a transparência tão desejada ou buscada pelos investidores. Os CAs de alta resiliência estão atentos a isso como forma inclusive de evidenciar o valor de longo prazo dos seus negócios, além de prepararem suas organizações para esses riscos provenientes das mudanças climáticas e das restrições de recursos naturais.