O Brasil pode se tornar uma alternativa à Índia e outras países no fornecimento de serviços de TI para o exterior, como aos Estados Unidos e Europa, no atual cenário de crise vivido pela economia mundial, segundo o estudo "The Impact of the Global Economic Downturn on Outsourcing and Offshoring", encomendado pela Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) junto ao instituto norte-americano Everest Institute.
Eric Simonson, gerente principal do Everest Institute, destacou a afinidade geográfica do país com os dois importantes mercados mundiais, ressaltando que o Brasil pode ser uma alternativa à Índia com a intensificação do processo de globalização.
De acordo com o estudo, mais do que ocupar o lugar da Índia, o Brasil deve se tornar uma alternativa para a diversificação de riscos, competindo com países do Leste Europeu e com a China.
A pesquisa mostra, no entanto, que os centros de TI brasileiros são menores que os de outros países, com um potencial inexplorado de crescimento, apesar da vantagem de mão-de-obra qualificada para competir com os principais fornecedores mundiais. Desse, o estudo alerta que o Brasil precisa demonstrar como pode se integrar a atual estrutura global de entrega de serviços de TI.
Além disso, para se adequar ao mercado exterior na oferta de serviços de TI, o país terá também de enfrentar problemas relacionados com o idioma e com os custos, que limitam a sinergia para atender o mercado externo. Isso vai exigir uma reorganização da indústria de software e TI no Brasil para se enquadrar ao cenário mundial do mercado de outsourcing offshore.
O estudo vislumbra oportunidades para o país relacionadas ao segmento de mobile banking, um nicho no qual a Índia não conta com o mesmo reconhecimento internacional. Também é sugerido às empresas brasileiras que adotem um modelo diferenciado para a cobrança de serviços baseada em resultados, por exemplo.
Na análise sobre os impactos da crise para o mercado interno brasileiro, o estudo apontou que a retração nos Estados Unidos e na Europa também pode gerar novas oportunidades a partir da busca por menores investimentos. Nesse cenário de dificuldades, o Everest Institute avalia que as empresas ganharão visão de longo prazo, reestruturando suas operações e passando a entender a terceirização em TI como solução e não como um custo, o que fortalece a competitividade do Brasil, por exemplo, frente à Índia.
O relatório projeta que o país também deverá ser alvo de um crescente interesse de fornecedores indianos na busca por mercados em crescimento. O resultado disso será um aumento da competitividade, sem descartar a ocorrência de profundas mudanças na estrutura da indústria de TI brasileira por meio de aquisições ou parcerias.
"A realização do estudo reflete nossa preocupação com o impacto da desaceleração econômica mundial na indústria brasileira de software e serviços. Estamos certos de que ele auxiliará as empresas no processo de reavaliação de suas estratégias nesse difícil cenário econômico global, no qual é fundamental a rápida identificação de novas oportunidades", comenta Djalma Petit, diretor de mercado da Softex.
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