A exemplo do que ocorre no Brasil, em que se discute a criação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), uma rede pública para acesso à internet em banda larga, a Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador das telecomunicações nos Estados Unidos, encaminhou ao Congresso americano, nesta terça-feira, 16, uma proposta de implantação de um plano nacional de banda larga para aumentar a competição no setor.
A medida faz parte do plano de recuperação econômica do governo americano estabelecido em fevereiro do ano passado. O plano prevê investimentos de US$ 20 bilhões para criar uma rede pública de acesso à internet, com velocidade mínima de 100 Mbps, no prazo de dez anos. Segundo a FCC, a intenção é aumentar a taxa de acesso à web em banda larga dos atuais 65% para mais de 90% dos lares norte-americanos. De acordo com o órgão regulador, cerca de 100 milhões de pessoas não têm acesso à banda larga nos EUA, e os custos de ter estudantes excluídos digitalmente já são "um peso inaceitável" para o país – a proposta de política nacional também visa criar uma rede de 1 Gbps (chamada de banda ultralarga) para instituições de ensino, hospitais e instalações militares.
O The Wall Street Journal ouviu especialistas e órgãos representantes dos consumidores americanos, que se disseram céticos quanto à possibilidade de um plano nacional dar certo. As operadoras, por sua vez, não querem enfrentar um competidor de amplitude nacional e temem que a entrada do governo no mercado acabe criando normas demais para o setor. O jornal diz que os órgãos dos direitos do consumidor não veem como a FCC conseguirá levantar fundos para uma rede pública sem deteriorar a qualidade do serviço àqueles que já têm acesso e causar transtornos.
Para o diretor de tecnologia da fornecedora de equipamentos de rede Cisco, Jeff Campbell, o governo não deve "consertar o que não está quebrado". "Meu medo é que se criem regulamentações em áreas que não precisam ser reguladas", declarou o executivo ao jornal americano. O porta-voz da Associação Nacional dos Radiodifusores dos EUA, Dennis Warthon, teme que o plano traga mudanças "não muito voluntárias" para os produtores de conteúdo, o que, segundo ele, prejudicaria diretamente os americanos.
Segundo declaração da FCC ao jornal americano, as discussões em torno do plano têm sido políticas, quando não deveriam ser. O comunicado afirma que o plano nacional é "politicamente neutro" e deve ser discutido antes de ser criticado.
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