60% das empresas não têm estrutura formal para Gestão da Mudança, revela estudo

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Embora 95% das empresas brasileiras reconheçam que a Gestão da Mudança é essencial para o sucesso de projetos estratégicos, apenas 41% possuem uma estrutura formal dedicada ao tema. Essa é uma das principais conclusões do estudo Ekantika Insights – Gestão da Mudança, desenvolvido pela Ekantika Consultoria, consultoria de negócios focada em resultados tangíveis. O levantamento analisou práticas e percepções de mais de 50 organizações, a partir de 28 aspectos relacionados à condução de mudanças corporativas.

O estudo, realizado em fevereiro deste ano, revela contradições importantes entre discurso e prática. "Descobrimos que 60% das empresas ainda não possuem uma estrutura de GMO (Gestão de Mudanças Organizacionais) bem definida, o que mostra que o tema não é tratado com a devida seriedade como disciplina e competência. Como consequência, muitas transformações deixam de ser prioridade nas organizações", explica Álvaro Spinola, diretor de Projetos da Ekantika Consultoria.

A ausência de uma estrutura organizada compromete desde o planejamento estratégico até a consolidação das mudanças no longo prazo. Apenas 35% das empresas afirmam possuir mecanismos de governança para manter os benefícios após a implementação de uma mudança, e somente 48% se consideram eficazes na gestão de resistências e conflitos – um dado preocupante, já que a resistência é um dos maiores obstáculos nos processos de transformação.

Outro ponto evidenciado pelo estudo é a baixa priorização da prontidão para mudar. Apesar de 63% das empresas declararem possuir uma cultura de flexibilidade e adaptação, apenas 29% monitoram de forma estruturada sua capacidade real de mudar. Esse desalinhamento indica uma percepção otimista que não se sustenta na prática, criando o que a Ekantika Consultoria classifica como um "risco invisível" – a falsa sensação de preparo que mina iniciativas antes mesmo de ganharem tração.

Mesmo com limitações estruturais, 61% das empresas afirmam ser ágeis na mobilização de recursos e implementação de ações quando surgem novas iniciativas internas. No entanto, quando o desafio é realocar pessoas e promover mudanças estruturais com fluidez, esse número cai para 39%, evidenciando uma lacuna entre agilidade e efetividade.

O estudo também mostra que, na maioria dos casos, a mudança é aplicada de forma pontual, e não como parte integral da estratégia. Entre os tipos de projeto onde a Gestão da Mudança é acionada, estão:

Implantação de sistemas: 30%
Revisão de estruturas organizacionais: 28%
Aquisições: 15%
Fusões com outras empresas: 10%
Turnarounds: 9%
Encerramentos de atividades: 8%

Apesar da relevância desses projetos, o fato de que menos da metade das empresas destina recursos específicos para a gestão da mudança mostra que o tema ainda é visto como acessório, e não como um fator crítico de sucesso.

Outro ponto sensível identificado pela Ekantika Consultoria é a fragilidade da comunicação em processos de transformação. Apenas 53% das empresas possuem um fluxo estruturado de comunicação, enquanto 69% não avaliam os impactos das mudanças sobre pessoas e processos. Além disso, é comum que a responsabilidade pela comunicação da mudança seja delegada a áreas terceiras ou diluída, comprometendo o alinhamento interno e o engajamento das equipes.

"A mudança só acontece de verdade quando há participação ativa da liderança e engajamento genuíno das pessoas impactadas. Se é um projeto estratégico para a companhia, precisa ter Change Management. E, para isso, precisamos de patrocínio real da alta liderança", destaca Patricia Simpioni, sócia da Ekantika Consultoria.

Ainda de acordo com o relatório, embora 51% das empresas demonstrem capacidade para tomar decisões estratégicas com rapidez, apenas 41% se consideram preparadas para reconfigurar processos. Menos da metade (49%) consegue institucionalizar novas práticas após a mudança, e apenas 37% disseminam aprendizados e promovem melhoria contínua — o que indica que muitas organizações ainda celebram o "go-live", sem garantir a sustentação das mudanças no dia a dia.

Os resultados do Ekantika Insights apontam para um desafio de maturidade organizacional frente às exigências de um mundo em constante evolução. Para que a mudança aconteça de fato – e de forma sustentável – é preciso integrar pessoas, processos, governança e cultura desde o início, com liderança engajada, métricas claras e comunicação estratégica.

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