Gradiente volta ao mercado com muitas promessas e incertezas

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Fora do mercado desde 2007, quando enfrentou enormes dificuldades financeiras e paralisou a produção, a marca Gradiente está de volta às prateleiras com as difíceis tarefas de acompanhar a evolução tecnológica e quitar o arrendamento feito à Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), que hoje controla a empresa.

Atualmente os direitos da marca são da IGB Eletrônica, pertencente ao empresário Eugênio Staub, que é era o acionista majoritário da Gradiente. A IGB, atualmente, tem dívidas que somam cerca de R$ 500 milhões, mas ainda espera receber da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) cerca de R$ 235 milhões referentes a um processo ganho pela companhia.  A ação ainda será julgada pela Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com o presidente da CBTD, Fábio Vianna, 60% do capital da companhia pertencem ao Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Enseada, que tem como cotistas a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef), a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e a Jabil do Brasil. Os 40% restantes são da Holding dos Acionistas da Gradiente (HAG), formado por 2 mil pessoas que detêm os papéis da marca. O conselho de administração é formado por cinco membros, entre eles, Staub.

Os novos produtos da Gradiente chegam ao mercado sem que boa parte das dívidas tenha sido quitada. No ano passado, circulou a informação de que aproximadamente R$ 390 milhões seriam pagos em sete anos, a partir de julho de 2013, com o arrendamento da marca à CBTD – o restante, débitos de refis, a companhia ainda luta na Justiça para ser extinto. Vianna não quis comentar sobre essas questões, nem sobre a situação atual da empresa. Ele se limitou apenas a dizer que “vamos oferecer aos nossos consumidores um lineup de produtos com foco em design, inovação, alta tecnologia e serviços de excelência”.

De capital fechado, a CBTD iniciou as operações em agosto do ano passado com investimentos de R$ 68 milhões e, até o fim do ano, promete colocar 20 novos produtos nas prateleiras. A linha, dividida em quatro segmentos, contempla tocadores de DVD e Blu-Ray, TVs, um link box (aparelho que conecta televisores à internet), além do complicado segmento de smartphones e tablets, com produtos segmentados para públicos infantil, jovem e idoso.

Produtos, distribuição e metas

No ar desde segunda-feira, 14, a loja virtual da Gradiente oferece apenas os aparelhos de Blu-Rays e tablets. O que chama atenção é o portátil, disponível em dois modelos com sistema Android, do Google. Além do convencional, um deles é voltado para o público infantil por ser equipado com conteúdos direcionados e uma ferramenta de controle dos pais. Questionado sobre a eficácia dessa estratégia, que já falhou com marcas de renome na área de PCs, como Dell e HP, Vianna é sucinto. “Confiamos na qualidade dos nossos produtos e no peso da marca.”

As vendas serão repartidas pela metade entre a loja virtual da empresa e a rede varejista. “Estamos trabalhando com uma equipe bem enxuta e terceirizamos a produção com empresas em Manaus e no interior de São Paulo. Até o fim do ano que vem, serão 200 funcionários”, estima Vianna, que não revela os nomes das empresas, nem tampouco dos parceiros de negócios. Sem revelar também as metas e previsão de faturamento, ele é lacônico: “Não temos metas de market share. Nossa principal preocupação é ser uma empresa rentável e que gere lucro já neste ano”, finalizou.

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