Automação com IA não ameaça o trabalho jurídico: ameaça o desperdício de tempo

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Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem transformado diversos setores, e o campo do direito não fica atrás. A automação com IA está transformando a operação de departamentos jurídicos corporativos, elevando padrões de eficiência, precisão e governança em um setor historicamente marcado por complexidade e burocracia. Um exemplo é o uso de sistemas de IA para análise automatizada de contratos, que reduz drasticamente o tempo gasto na revisão de cláusulas e identificação de riscos. Contudo, muitos profissionais resistem a essas tecnologias, temendo que elas ameacem suas funções. Na prática, a IA não substitui o advogado; ela elimina o desperdício de tempo, otimizando processos e elevando o valor estratégico do trabalho jurídico.

Departamentos que insistem em fluxos manuais, planilhas e controles fragmentados não estão sendo prudentes, e sim obsoletos. Times jurídicos corporativos que rejeitam plataformas de automação e inteligência aplicada não protegem seus cargos, mas comprometem o desempenho da equipe e a governança das operações. A resistência à IA pode levar a erros humanos em tarefas repetitivas, como cadastro de processos ou coleta de dados, aumentando o risco de falhas em relatórios cruciais ou decisões estratégicas.

Além disso, a falta de automação gera atrasos que prejudicam a competitividade da empresa, especialmente em setores onde a agilidade é um diferencial. Hoje, é possível automatizar tarefas que antes consumiam horas ou dias, como captura de processos, controle de depósitos judiciais e organização de informações para análises críticas, tudo com precisão e rastreabilidade.

De acordo com a Gartner, os investimentos em tecnologia jurídica devem crescer 12,5% ao ano até 2025, refletindo a percepção de que a automação é um diferencial competitivo. Empresas que adotam IA já registram reduções de até 97% no tempo de execução de tarefas operacionais. Isso não implica demissões, mas sim a liberação de equipes para atividades estratégicas, como suporte a decisões, análise de riscos e negociação de contratos complexos.

No entanto, a resistência à tecnologia pode expor empresas a riscos significativos, como multas por descumprimento de prazos legais, decisões baseadas em dados imprecisos e perda de oportunidades de negócio devido à lentidão. Departamentos que não se modernizam também enfrentam dificuldades para integrar suas operações com outras áreas, como finanças e compliance, comprometendo a sinergia organizacional.

Ainda assim, muitos times hesitam, seja por insegurança ou desconhecimento. O resultado são operações ineficientes, com retrabalho, gargalos e vulnerabilidades não mapeadas. A inteligência artificial, nesse contexto, deve ser vista como um meio, e com o verdadeiro protagonista sendo o jurídico, que usa a tecnologia para ampliar sua capacidade de atuação. Quando equipada com IA, a equipe jurídica deixa de atuar apenas reativamente e assume o controle da operação: antecipando riscos, otimizando recursos e entregando resultados concretos para a organização. A modernização não é mais opcional para departamentos corporativos que desejam assumir um papel estratégico na gestão de riscos e resultados financeiros.

Cláudio Bernardo, Chief Revenue Officer da Docato.

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