A tramitação do Projeto de Lei 2630/2020, mais conhecido como PL das Fake News, traz uma excelente oportunidade para a sociedade brasileira debater uma questão crucial: a credibilidade da Internet. Há um consenso de que as fake news têm se mostrado uma ameaça que não pode ser mais ignorada. Informações falsas, muitas vezes disseminadas de maneira rápida e ampla nas redes sociais e em outros canais de comunicação, têm o potencial de causar danos irreparáveis.
Os malefícios das fake news são diversos e abrangem diferentes aspectos. Elas têm o poder de manipular a opinião pública, influenciando eleições e enfraquecendo a confiança nas instituições democráticas. Como constatamos na recente pandemia, podem levar à desinformação sobre vacinas, tratamentos médicos e doenças, colocando em risco a vida das pessoas. Outras doenças são disseminadas pelas próprias fake news: preconceitos e intolerâncias, gerando conflitos e divisões.
Todos nós estamos dispostos a aproveitar as novas oportunidades de empregar a tecnologia em benefício próprio e não há nada de errado nisso. O problema é que os maus atores também compartilham esta postura para atingir seus objetivos ilegais, utilizando esta mesma tecnologia. Encontrar o equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade na disseminação de informações é fundamental.
Quando pensamos na disseminação rápida de uma notícia falsa esquecemos que este ritmo acelerado muitas vezes é gerado pelo emprego de robôs. Eles podem ser empregados para atividades ilegais que vão desde a automatização de acessos a sites falsos para os mais diversos tipos de crimes cibernéticos até a criação de perfis falsos nas mídias sociais, passando pela geração de cliques falsos em peças publicitárias.
Quando pensamos na disseminação rápida de uma notícia falsa esquecemos que este ritmo acelerado muitas vezes é gerado pelo emprego de robôs. Eles podem ser empregados para atividades ilegais que vão desde a automatização de acessos a sites falsos para os mais diversos tipos de crimes cibernéticos até a criação de perfis falsos nas mídias sociais, passando pela geração de cliques falsos em peças publicitárias.
Esses acessos falsos podem tanto espalhar uma notícia inverídica como inflar artificialmente o número de visitantes de um site, valorizando de forma fraudulenta o valor de um anúncio e impactando negativamente na eficácia de uma campanha de mídia programática.
Atribuída ao filósofo britânico John Philpot Curran, a frase "o preço da liberdade é a eterna vigilância" faz todo o sentido neste contexto. Entre as melhores práticas de segurança cibernética hoje está o monitoramento contínuo do tráfego da Internet, que permite identificar comportamentos suspeitos como presença de robôs ou bots. A partir destas análises, medidas podem ser tomadas para bloquear estes acessos fraudulentos, identificando tendências e comportamentos suspeitos.
Bernardo Manfredini, diretor da Click Alert.