Pesquisadores da USP de Pirassununga, no interior de São Paulo, montaram o protótipo de uma rede de sensores de localização de animais que pode ser usada tanto por criadores para monitorar os rebanhos quanto por zootécnicos para efetuar pesquisas de campo. O projeto, desenvolvido no Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, permitirá a coleta e acesso de dados e imagens do rebanho via internet com um menor custo do que soluções disponíveis atualmente no mercado.
Segundo os pesquisadores, em áreas maiores de criação extensiva com rebanhos numerosos é difícil realizar o monitoramento manual de cada animal, principalmente quanto se trata de coleta de dados fisiológicos que demandem a não interferência no comportamento natural. E as redes de sensores sem fio (WSN-Wireless Sensor Network) têm se mostrado eficientes para essa tarefa, permitindo a automação dos processos de monitoração das atividades do rebanho. Porém, eles observam que os sensores existentes no mercado, baseados no serviço de posicionamento global (GPS), custam de US$ 200 a US$ 300 cada um, valor que pode inviabilizar o uso da tecnologia para monitoramento de um número maior de animais, como é o caso da pecuária extensiva.
"A tecnologia proposta pela equipe do Lafac não é capaz de fornecer a localização exata do animal, mas apenas sua posição em relação à torre de recepção mais próxima. Em compensação, o custo, que ainda está sendo calculado, ficará bem abaixo do valor do GPS", explica o analista de sistemas Adriano Rogério Bruno Tech, pesquisador do laboratório.
Ele explica que o sensor sem fio, acoplado ao animal, chamado de Estação Radiobase Móvel, envia dados para a Estação Radiobase Fixa (ERB) mais próxima por meio de ondas eletromagnéticas. Os dados são então armazenados em um computador central e podem ser acessados via internet de qualquer lugar. Além de dados telemétricos (localização) e fisiológicos recebidos das estações móveis como, por exemplo, a temperatura do animal, as estações fixas enviam imagens do local, captadas por meio de uma câmera IP sem fio.
A ferramenta on-line de gerenciamento dos dados e imagens, chamada e-Lafac, permite a criação de um e-Science (software para uso em pesquisa científica) zootécnico, e também foi desenvolvida no Lafac. Com o e-Lafac, o zootécnico poderá rastrear o animal e visualizá-lo de qualquer computador com acesso à internet, tornando mais fácil a coleta de dados de um animal específico ou de um rebanho para fins diversos. Além de não ser intrusiva, não ocasionando desconforto ao animal, a técnica pode colaborar, por exemplo, com a identificação das fêmeas no cio, e com o estudo do comportamento de touros e vacas de uma área determinada, sendo de grande utilidade à indústria pecuária.