Uber apela contra decisão de juiz em ação que considera motorista como funcionário

0

O Uber, dono do aplicativo de caronas que viabiliza corridas particulares unindo motoristas autônomos e passageiros, entrou com recurso contra decisão de um juiz do Tribunal Federal Distrital de San Francisco, na Califórnia, que acatou a ação judicial coletiva movida por três motoristas, na qual alegam ser funcionários, e não contratados da companhia, e que, portanto, merecem receber benefícios de saúde e outras despesas normalmente cobertos por um empregador.

Em seu despacho, emitido no dia 1º de setembro, o juiz diz que o processo se aplica a todos os motoristas do Uber na Califórnia. Porém, nesta terça-feira, 15, a empresa ajuizou um recurso de apelação, de 22 páginas, no qual afirma que a decisão é "manifestamente errada" e que o tribunal deve reverter a classificação de ação coletiva.

O juiz acatou a alegação do advogado dos motoristas de que o Uber está "envolvido em todos os aspectos da operação", já que controla as ferramentas que os motoristas usam, monitora seus índices de aprovação e encerra seu acesso ao sistema se os ratings ficarem abaixo de 4,6 estrelas.

No recurso, o advogado do Uber, Ted Boutrous, questionou como um processo que se aplica a três motoristas pode representar centenas ou milhares de outros, dada a grande variação de motivos e às características do serviço. "O tribunal não deveria ter submetido o destino de toda uma indústria… a um único júri", escreveu ele na ação, segundo a Bloomberg, citando a decisão de um tribunal federal, em 1996, que rejeitou uma grande ação coletiva contra as empresas de tabaco.

O advogado alega, ainda, que os status de ação coletiva se aplicaria a uma minoria de motoristas do Uber na Califórnia porque grande parte deles renunciou ao direito de arbitragem por meio desse tipo de ação, quando a empresa atualizou seus contratos no ano passado. Além disso, o Uber argumenta que a grande maioria desses motoristas prefere a flexibilidade de que ser um contratado independente.

O fato é que se a ação coletiva for bem-sucedida, a empresa terá de arcar com custos dos quais hoje está isenta, tais como previdência social, compensação de despesas — taxas, combustível e manutenção do carro —, além de seguro-desemprego.

O debate sobre o vínculo empregatício dos motoristas do Uber tem, inclusive, extrapolado à empresa, já que no Vale do Silício dezenas de startups dependem de motoristas contratados para fazer a entrega comida, encomendas e documentos etc. Diversas empresas têm enfrentado ações judiciais semelhantes, e alguns mudaram seus modelos de negócios devido aos potenciais problemas legais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.