Apesar do forte crescimento do negócio de software como serviço (SaaS) da Oracle ter compensado a desaceleração nas vendas de licenças de software (on-premises) no primeiro trimestre do ano fiscal de 2017, encerrado em 31 de agosto, isso não ajudou a aumentar a receita da companhia que ficou praticamente estagnada em US$ 8,6 bilhões no período.
Mesmo tendo registrado aumento no lucro, o impacto negativo disso entre os investidores de Wall Street pode ser verificado em números. Nesta sexta-feira, 16, um dia depois da divulgação dos resultados, as ações da Oracle despencaram quase 5% na Bolsa de Nova York (NYSE), para US$ 38,92, na comparação com o preço de abertura do pregão, de US$ 40,86. A tendência de queda se manteve no after-hours trading, negociação após o fechamento da NYSE, com as ações fechando cotadas a US$ 39, recuo de 4,55%, mas uma ligeira alta de 0,05% em relação ao fechamento do pregão tradicional.
Também contribui para a má receptividade dos resultados o fato de as vendas de licenças de software ainda representarem a maior parte da receita global da empresa (68%), com US$ 5,8 bilhões. Isso, mesmo com a receita da fabricante de software com SaaS e com plataforma como serviços (PaaS) ter registrado alta de 77% no período, saltando de US$ 451 milhões um ano antes para US$ 798 milhões entre junho e agosto deste ano.
O bom desempenho da oferta de software na nuvem foi o que contribuiu para que a Oracle fechasse o primeiro trimestre fiscal com alta de 5% no lucro, para US$ 1,8 bilhão, contra US$ 1,7 bilhão um ano antes.
No último trimestre, a receita total com nuvem da Oracle já havia subido 59%, para US$ 969 milhões, enquanto o lucrativo e maior negócio da empresa, que é a venda de licenças de software, venha encolhendo trimestre a trimestre, rapidamente. Tanto que as vendas de novas licenças de software no primeiro trimestre caíram 11%, para US$ 1,03 bilhão.
A ambição da Oracle é alcançar a Amazon Web Services (AWS), divisão de nuvem da varejista online, o Azure, da Microsoft. Para isso ela está rapidamente migrando seu foco para a nuvem, especialmente no mercado de venda de acesso a aplicações web, conhecido como SaaS, e de acesso a ferramentas de desenvolvimento e gerenciamento de aplicativos, bem como na análise de dados, por meio de plataforma de big data/analytics.
Mas, para competir em pé de igualdade com esses gigantes, a Oracle ainda precisa, entre outras coisas, elevar os gastos na construção de data centers necessários para lidar com os processos armazenamento e processamento em nuvem dos clientes. No último trimestre, a Oracle informa que gastou US$ 299 milhões com despesas de capital (Capex) na construção de infraestrutura, porém, abaixo dos US$ 446 milhões aplicados no primeiro trimestre fiscal do ano anterior.