Antes mesmo da Covid-19, o ensino à distância apresentava um crescimento exponencial no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), as matrículas nessa modalidade tiveram um aumento de 378,9% entre 2009 e 2019. Mas é inegável que a pandemia acelerou de forma exponencial a transformação digital no setor educacional. E mesmo após o pico da crise sanitária, o ensino à distância se mantém consolidado. Nos últimos dez anos, a modalidade apresentou um crescimento de 486%, e como mostra o levantamento do INEP, dos 8,7 milhões de universitários brasileiros, 3,1 milhões praticam o ensino à distância. Além disso, de acordo com a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), de 2021 para 2022 houve um aumento de 22% no número de alunos adeptos ao EAD.
O crescimento na demanda dessa modalidade se explica pela acessibilidade aos cursos, não só financeiramente, uma vez que as aulas online tendem a ser mais em conta que as presenciais, mas também em termos de disponibilidade. Junto a isso, o ensino à distância proporciona uma grande variedade de recursos disponíveis que a aula presencial não possui.
Em paralelo às oportunidades de crescimento, o EAD também enfrenta alguns desafios. Começando pela dificuldade de legitimar processos que são facilmente validados na modalidade presencial, fazendo com que a reputação e a credibilidade das formações à distância sejam muitas vezes questionadas.
Uma outra problemática que prejudica a consolidação do EAD no sistema educacional é a vulnerabilidade das plataformas, que fez com que as mesmas se tornassem alvo dos hackers, que se aproveitam da fragilidade dos programas de educação online, sem filtros e credenciais relacionados à segurança digital. Logo, criminosos criam malwares disfarçados de aplicativos de EAD e desenvolvem versões falsas de softwares de videoconferência para corromper o computador de terceiros. Os sistemas chegam a ser alvos inclusive dos próprios vendedores das instituições que, comissionados pelo número de matrículas, podem inflar este número com inscrições inexistentes, trazendo importantes prejuízos financeiros às instituições.
As instituições de ensino sempre armazenam e processam grandes volumes de informações confidenciais, tanto de alunos como de funcionários, além de informações científicas de pesquisas e, é claro, dados de pagamentos. Isso, somado à vulnerabilidade do sistema fez com que as plataformas de ensino se tornassem um alvo fácil para os cibercriminosos. Não é à toa que o setor é um dos mais afetados por ciberataques, como mostra o levantamento feito pelo Check Point Research. Mas algumas medidas simples, que não causam atrito no momento da inscrição e no dia a dia do aluno, podem ser a chave para um ambiente educacional mais seguro. O cadastro do estudante na plataforma com verificação de documentos, a autenticação via reconhecimento facial para login na plataforma e o uso de senhas de utilização única são algumas dessas soluções.
Como mostra uma pesquisa da Mastercard feita em parceria com o DataFolha, 41% das empresas no setor de educação são alvos de ataques digitais. Outro dado relevante retirado do material aponta que 78% dessas instituições contam com um profissional de TI para cuidar da segurança das informações e apenas 29% têm uma área própria para a cibersegurança. O setor fica apenas à frente da área de saúde, que tem somente 23% de suas empresas investindo em cibersegurança.
Mas, além do risco de exposição de arquivos de propriedade intelectual, dados pessoais de funcionários e alunos, o ensino à distância trouxe um outro desafio: o monitoramento dos estudantes. Com o EAD, tornou-se difícil verificar se o aluno estava realmente seguindo a aula ou supervisioná-lo durante exames.
Hoje no mercado existe uma série de soluções que podem ser implementadas para assegurar as informações detidas por instituições educacionais e legitimar o ensino das mesmas. O Onboarding Digital, por exemplo, garante que o cadastro do aluno na plataforma de ensino seja validado através da verificação de seu documento de identidade. Além disso, o reconhecimento do dispositivo habitual do usuário e o monitoramento do comportamento do mesmo, como local de acesso à plataforma, certificam que o login é legítimo. Ao detectar um acesso realizado em uma cidade diferente, por exemplo, os sistemas podem solicitar um fator adicional de autenticação através de mobile tokens, OTPs ou reconhecimento facial.
Em termos de monitoramento do aluno, a fim de legitimar a obtenção de um diploma, a instituição pode monitorar o estudante por meio do reconhecimento facial e de uma validação de identidade contínua e em tempo real, garantindo que seja o aluno, de fato, quem está realizando o teste. Em uma prova, por exemplo, a identidade do estudante é validada em tempo real através de uma transmissão em vídeo.
Existem inovações tecnológicas que, no momento da avaliação, permitem que o acesso do professor à plataforma seja feito via reconhecimento facial ou senha descartável. Neste cenário, o profissional pode corrigir o material e validar o teste por meio do vídeo do aluno. Em seguida, quando uma instituição de ensino investe em uma solução de cibersegurança, o estudante pode ter acesso ao seu diploma usando a biometria facial.
Atualmente, como mostra o estudo da Mastercard, 44% das empresas de educação afirmam que a cibersegurança não é uma prioridade no orçamento. Quando na verdade, essa é a chave para garantir a eficácia do ensino à distância, legitimando o mesmo e assegurando que os dados dos alunos estejam a salvo de qualquer ataque.
Gustavo de Camargo, VP de Vendas da VU.