Apesar de ser umas das tecnologias mais disruptivas que surgiram nos últimos anos, o blockchain ainda apresenta alguns gargalos. O mais comum é a demora registrada em determinadas operações decorrente da pouca escalabilidade dos sistemas interligados. Para resolver este problema, a empresa de tecnologia brasileira Golchain, lança o Blockum, o primeiro ecossistema sem fins lucrativos do segmento no Brasil, um ambiente tecnológico independente de cooperação entre empresas, entidades governamentais e pessoas. A meta é se tornar o maior ecossistema de blockchain do mundo, com mais de 50 mil nós validadores até 2021.
Guilherme Canavese, diretor de operação da Golchain, conta que o projeto foi inspirado na iniciativa de sucesso da Alastria, na Espanha. Por lá, já são mais de 420 membros como Santander, Telefónica e SAP colaborando na mesma rede, responsável por disponibilizar ferramentas para fomentar estratégias de blockchain e acelerar a transformação digital.
Seguindo os mesmos passos, a brasileira Blockum já nasce com alguns associados representativos, entre eles o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que buscava uma plataforma segura para armazenar pesquisas e informações confidenciais, além de desenvolver estudos utilizando a tecnologia.
Completam a lista a operadora de telefonia Sercomtel e centros de inovação ligados a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), reunidas dentro do ecossistema para criar um projeto municipal de desenvolvimento e inovação em blockchain em Londrina.
No sistema de compartilhamento do Blockum, cada membro do ecossistema disponibiliza sua infraestrutura de computadores e hardware, para receber em troca uma plataforma em nuvem de blockchain pronta e regulamentada para transações de valor jurídico. Com a identificação do caso de uso e o fornecimento de API's, o associado pode desenvolver soluções com a tecnologia da maneira que for mais interessante para a sua operação, abrangendo as mais variadas utilizações.
"É um sistema extremamente democrático, já que qualquer empresa ou instituição, independente do seu tamanho, pode fazer parte do ecossistema", explica Canavese. Segundo o executivo, com uma rede descentralizada e distribuída entre os vários associados, ao invés de concentrada em uma única companhia, é praticamente impossível que algum dado seja hackeado. "As operações também conseguem ser feitas em maior escala e sem espera. Com o partilhamento de nós validadores privados e permissionados, existe ainda maior segurança atrelada a uma rede permitida e protegida ao mesmo tempo", detalha o executivo.
No caso do Blockum, apesar da mesma proposta de compartilhamento de infraestrutura e cooperação da Alastria, a meta é expandir a rede internacionalmente de olho no potencial desse mercado, que deve chegar a US$ 12 bilhões até 2022, de acordo com o IDC.
"Vamos lançar o Blockum agora em Portugal e depois no restante da Europa, Estados Unidos e Ásia. Nosso objetivo é fomentar a pesquisa & desenvolvimento baseada nesse tipo de tecnologia, ainda em estágio embrionário se pensarmos em todo o potencial que ela tem pela frente e as perspectivas de crescimento do setor", informa Canavese.Brasil tem a segunda rede de blockchain independente do mundo