A Nokia está ampliando sua presença no Brasil com soluções avançadas para o mercado de telecomunicações, especialmente no que diz respeito ao 5G e às redes privadas. Em entrevista a TI Inside, Diovane Massoqueto, Head de Core Networks da Nokia na América Latina, apresentou a estratégia da empresa para o futuro das redes no país, destacando a personalização das soluções e o uso de inteligência artificial para gerenciamento da conectividade.
O foco da empresa é "desenvolver soluções que aumentem o valor para nossos clientes, desde redes privadas até casos de uso específicos para segurança e conectividade de alta demanda, como a Black Friday ou grandes shows", explicou Massoqueto. Ele enfatizou que o cenário atual exige que cada mercado crie soluções próprias, ajustadas às suas necessidades. "O que temos visto globalmente é que não existe um modelo único replicável. Cada operador e mercado está desenvolvendo suas soluções personalizadas."
A Nokia tem trabalhado em conjunto com operadoras para desenvolver soluções que não apenas melhorem a experiência do usuário final, mas também oferecem novas formas de monetização. Um exemplo relatado por Massoqueto foi o uso de APIs de localização de dispositivos para autenticação de transações bancárias. "O banco pode desenvolver essa aplicação usando a plataforma de localização da operadora, monetizando com base no uso da rede", disse ele. Esse modelo cria novas oportunidades de negócios, especialmente em setores como o financeiro, onde segurança e agilidade nas transações são cruciais
Adoção de Inteligência
Um dos pilares das inovações da Nokia é o uso de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina em suas redes. Massoqueto destacou que a IA já está sendo rompida em elementos da rede da empresa, como roteadores e switches, para melhorar o desempenho de acordo com a demanda, sem a necessidade de intervenção humana. "Estamos caminhando para um cenário onde a IA estará presente em todos os elementos da rede, adaptando automaticamente o comportamento de acordo com o tráfego",
Essa tecnologia também é essencial para melhorar a eficiência energética das redes, algo que se tornou uma prioridade, especialmente na Europa. "Com IA, podemos prever picos de tráfego e ajustar os elementos da rede com antecedência, o que resulta em economia de energia", afirmou
Eficiência Energética
A eficiência energética é uma questão crítica, tanto pela sustentabilidade quanto pela redução de custos operacionais para as empresas. Massoqueto diz que a Nokia já está obtendo resultados significativos nesse aspecto. "Nosso objetivo é alcançar uma economia de até 50% no consumo de energia nas redes de rádio, e já estamos vendendo economias de 30% nas operações iniciais", revelou.
O foco em eficiência energética está alinhado com as demandas do mercado europeu, que impõe restrições rigorosas às emissões de carbono e ao consumo de energia. No Brasil, a Nokia está trabalhando para aplicar essas mesmas soluções, oferecendo às operadoras locais tecnologias que otimizam o uso de energia e controle dos custos operacionais.
O futuro da rede 5G no Brasil
Massoqueto acredita que o Brasil seguirá a tendência global de adoção de tecnologias mais inteligentes e eficientes. "A redução no consumo de energia, juntamente com a automação e a menor necessidade de intervenção humana na operação da rede, são as principais vantagens dessas inovações", afirmou. Ele acredita que, com a evolução contínua das redes 5G e a implementação de soluções como inteligência artificial, o setor de telecomunicações no Brasil poderá não só aumentar sua eficiência, mas também criar novas oportunidades de receita.
Ele explicou que as necessidades das operadoras de telecomunicações no Brasil são altamente específicas, e que a Nokia adaptou sua experiência global para atender às demandas locais. "O que vimos globalmente é que cada mercado e cada operadora estão desenvolvendo sua própria solução, não há um modelo único que funciona em todo lugar", afirmou
Parceria com a Intel
Para oferecer um avanço significativo para a eficiência energética em redes de telecomunicações, a Nokia, em colaboração com a Intel, anunciou que conseguiu reduzir em até 40% o consumo de energia em seus 5G Core nativos em nuvem. Esse resultado foi progresso utilizando a aceleração escalável Intel Xeon de 4ª geração, combinada ao software de gerenciamento de energia da Intel, o Intel Infrastructure Power Manager (IPM). A inovação visa beneficiar diretamente os provedores de serviços de comunicação (CSPs), ajudando-os a diminuir custos e a reduzir o impacto ambiental
Ele destacou a importância dessa colaboração para o futuro das redes 5G. "Esse avanço é fruto de anos de pesquisa e inovação conjunta entre a Nokia e a Intel, com o objetivo de oferecer soluções mais sustentáveis ??e eficientes para nossos clientes. Além de mantermos as principais estatísticas de desempenho, conseguimos modular o consumo de energia dos chips com base no tráfego da rede, o que nos permite uma economia significativa de eletricidade,"
Metas ESG
A Nokia já havia previsto uma meta ousada de reduzir em 50% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, alinhando-se às diretrizes da iniciativa Science Based Targets (SBT). A colaboração com a Intel faz parte de um esforço contínuo para atingir esse objetivo. Segundo Massoqueto, "a inovação tecnológica não pode vir à custa do meio ambiente. Nossa meta é clara: queremos que o setor de telecomunicações se torne mais eficiente em termos de recursos, sem sacrificar a qualidade.
Redes Autônomas
O executivo ressaltou também que a Nokia está investido em redes autônomas, uma estratégia fundamental para reduzir o consumo de energia, especialmente diante do uso crescente de inteligência artificial generativa. "Estamos desenvolvendo redes autônomas que, em um futuro próximo, serão capazes de operar de forma quase totalmente automática. Hoje, estamos na fase 2 dessa evolução, e nossa meta é chegar à fase 5 nos próximos 18 meses", afirmou. Ele ressaltou que as redes autônomas permitirão uma operação mais eficiente e inteligente, com a capacidade de ajustar dinamicamente o tráfego de rede e priorizar serviços de acordo com a demanda.