O mercado de modernização da infraestrutura e a importância da adoção de soluções sustentáveis estão impulsionando os negócios da Yokogawa, tradicional empresa de origem japonesa, que fornece soluções avançadas nas áreas de medição, controle e informação para clientes em uma ampla gama de indústrias, como de energia, produtos químicos, materiais, produtos farmacêuticos e alimentos.
Marco Figueira, CEO da Yokogawa para Brasil e América do Sul, explica que ela foi fundada em 1915, com sede na cidade de Musashino , no Japão, hoje tem17.000 funcionários numa rede global de 129 empresas espalhadas por 60 países. No Brasil está desde 1973, sendo headquarter para toda América do Sul.
Ele explica que o Brasil tem a primeira filial da Yokogawa fora do Japão, instalada para atender na época a demanda da promissora indústria de base, com a construção de várias refinarias e siderúrgicas, além também de superar o problema da distância em relação ao Japão.
Uma história que Figueira vivenciou de perto, pois ele iniciou sua carreira na empresa muito jovem, na área de propostas na área comercial, focado na área de instrumentação de campo, evoluindo para vendas externas e supervisão de alguns estados do Brasil. E depois de um certo tempo, assumiu a gerência corporativa com foco na área de mineração, "Depois de alguns anos assumi a gerência geral tanto para instrumentação como para os sistemas de controle para toda América do Sul; na sequência a diretoria comercial da Yokogawa para América do Sul, e recentemente, com o retorno do antigo presidente para o Japão, fui escolhido como CEO pela matriz para liderar os negócios em toda a região", explica o executivo, ressaltando "a confiança que o país conquistou junto a matriz, o que é muito relevante para a cultura japonesa".
Prioridades
A Yokogawa tem uma base instalada muito grande, uma operação sólida e estável, resultado dos mais de 50 anos de atuação local. Uma das prioridades da organização em nível mundial é reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
A empresa atua em diferentes segmentos da indústria, como siderurgia, refino e exploração de óleo & gás, plataformas de papel e celulose, química, petroquímica, vidro, usinas de etanol de cana ou de milho, entre outros.
Ela está se focando na expansão para as áreas de energia eólica e solar, tendo em vista o potencial do Brasil, principalmente na eólica. "A gente vê um mercado muito forte, onde temos tradição em equipamentos de controle e medição. Só que antes eles serviam só para atividades operacionais, mas agora eles passaram a gerar dados com as quais as empresas têm mais elementos na tomada de decisão, pois conseguem ser mais preditivos. Prever parada para manutenção, antecipar às mudanças, controlar a produção com mais assertividade", diz Figueira.
"Hoje esses equipamentos tem uma inteligência embarcada. Quando a gente fala de um transmissor de pressão, ele não só analisa os dados de pressão, mas ele consegue também identificar se existe algum desvio ou problema no processo, que pode estar induzindo uma medição de pressão errada, onde você pode estar tendo um desperdício. Outro benefício e reduzir o tempo de parada para manutenção, diminuindo os custos envolvidos, além de garantir a segurança operacional".
A Yokogawa também oferece uma linha de analisadores para controle de emissão, com o qual se pode controlar o tratamento de águas, por exemplo, através de uma câmera que consegue fazer várias imagens em um tempo muito rápido, e em alguns minutos já se tem milhares de imagens, com as quais consegue se identificar partículas.
O FlowCam coleta uma imagem e mais de 40 parâmetros diferentes para cada partícula individual capturada – tudo na mesma velocidade de técnicas volumétricas mais tradicionais. Este sistema fornece uma visão detalhada de caracterização de populações inteiras de dados, subpopulações e até mesmo indivíduos-partículas.
O FlowCam é uma abrangente plataforma de análise que fornece uma maneira eficiente de confirmar dados fornecidos por outros métodos de análise de partículas e abordar as questões difíceis de responder que surgem apenas do dimensionamento dos dados.
Um exemplo clássico de uso é na área de saneamento, pois consegue identificar concentração de ciano, bactérias em amostras, etc., com muita rapidez permitindo aumentar o número análise de amostras no mesmo tempo, para que se possa atuar de forma precoce na contenção de uma contaminação.
Outro segmento de atuação da Yokogawa, através de uma subsidiária chamada KBC, envolve software para simulação de processos que consegue avaliar e dimensionar quais os equipamentos que estão consumindo mais ou menos energia, e assim controlar o ciclo de produção. "Nós temos alguns clientes que são autossuficientes em energia e que conseguem até vender energia para a rede. Então eles podem avaliar qual o melhor momento de vender ou de consumir", explica Figueira.
Inovação
Em uma iniciativa inédita no mundo, Yokogawa e ENEOS Materials Corporation (antiga unidade de negócios de elastômeros da JSR Corporation) estão usando Inteligência Artificial para controlar de forma autônoma uma fábrica de produtos químicos por 35 dias consecutivos.
Esse teste confirmou que a IA pode ser aplicada com segurança em uma planta real e demonstrou que essa tecnologia pode controlar operações que estavam além dos recursos dos métodos de controle existentes, e, que até o momento, exigiam a operação manual das válvulas de controle com base no julgamento do pessoal da fábrica. A iniciativa foi selecionada para o programa de subsídios "Projetos para a Promoção da Segurança Industrial Avançada" de 2020 do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão.
O controle nas indústrias de processo abrange uma ampla gama de campos, desde refino de petróleo e petroquímica até produtos químicos de alto desempenho, fibras, aço, produtos farmacêuticos, alimentos e água. Todos eles envolvem reações químicas e outros elementos que exigem um nível extremamente alto de confiabilidade.
"Nessa planta algumas coisas são muito interessantes de mencionar. Você tem alguns momentos do ano variações de temperaturas absurdas, gradientes muito grandes de temperatura. O algoritmo de IA conseguiu manter essa planta operando em uma forma muito estável, e nesse caso com redução de 40% de emissões. Os operadores que até então ficavam manipulando variáveis puderam dedicar seu tempo para atividades mais nobres", explica Figueira.
Ele diz ainda que a empresa tem vários projetos em andamento usando IA, mas por acordo de confidencialidade com os clientes ainda não pode revelar.
Para 2024, a Yokogawa pretende ampliar sua participação no mercado de mineração, onde tem um centro de excelência na subsidiaria do Chile. A indústria farmacêutica e alimentícias, junto com o de energia também estão no foco das empresas, com o desenvolvimento de sistemas voltados não só para grandes empresas, mas também para médio e pequeno portes.