Os prestadores de serviços gerenciados (os chamados MSPs – Managed Services Providers) têm a responsabilidade de estar antenados com as tendências da indústria de TI e de se adaptar às novas tecnologias. Isto é fundamental para que os MSPs possam garantir seu valor de mercado junto aos clientes e, ao mesmo tempo, continuar rentáveis em termos de negócio.
Muitas vezes, o desafio está na busca do equilíbrio entre a gestão do negócio, por meio de diversos ciclos de mudança e da manutenção do controle de todos os ativos. Isto significa que, além de padronizar e simplificar as configurações e processos atuais, os MSPs devem estar atentos e cientes das novas tecnologias, ser flexíveis e entender quando e se avançar nos investimentos ou na troca do portfólio de serviços faz algum sentido.
Atualmente, há uma série de tendências que impactam todas as empresas e instituições em geral, sobre as quais os MSPs devem entregar o melhor serviço de suporte possível, visando atender às respectivas expectativas. Pois é imprescindível que o responsável pelo investimento em TI entenda que a função do MSP é a mesma de um consultor de negócios, ou até mesmo de um advogado ou consultor fiscal. Já passamos da época em que o empresário tomava 100% das decisões na estrutura de TI da empresa.
O papel do MSP nos dias de hoje é fundamental para a sobrevivência de um negócio, de uma empresa, indústria, hospital, escola etc. É ele que vai garantir a saúde e a sustentabilidade tecnológica dos mesmos. Agora, cabe aos MSPs estarem sempre bem atualizados, pois a responsabilidade é grande.
Seguem abaixo as seis principais tendências, sobre as quais os MSPs deverão direcionar seu foco para não ficar atrás da concorrência.
Windows 10 – O Windows 10 é um sistema operacional impressionante, mas isso não implica poder se ver livre dos MSPs para garantir e proteger seus dados nesse novo sistema. Apesar de alguns problemas técnicos iniciais e de algumas preocupações relacionadas à segurança, o Windows 10 tem demonstrado uma melhora real ao adotar certos recursos, tais como logon único e autenticação de dois fatores. Os MSPs devem garantir que seus clientes estejam cientes do significa esse novo método de atualização de patches para o Windows 10, evitando conflitos futuros. É melhor avisar antes de deixar o cliente sair fazendo upgrade de sistema por todo lado. Eles também precisam se preparar para responder as perguntas sobre os recursos de segurança, compatibilidade e implementação, de modo que possam entregar uma migração sem problemas. Em última análise, as empresas vão recorrer aos MSPs para buscar ajuda e entender o valor do negócio resultante da implementação do novo sistema operacional. O sucesso do MSP vai depender de sua capacidade em articular tudo isso ao contexto de cada cliente.
Machine Learning – O conceito de Machine Learning tem potencial para mudar a maneira como os MSPs fornecem seus serviços. Atualmente, trata-se de um tema relativamente não explorado por eles. Por terem acesso a uma comunidade de inteligência, eles podem determinar o valor real do negócio a partir dos dados. Ao levar adiante as ideias dessa comunidade, os MSPs conseguem acessar, em tempo real, conhecimentos orientados a dados e derivados de informações coletadas dos diversos dispositivos gerenciados pelos profissionais de suporte. Eles precisam fazer do conhecimento e do benefício gerado a partir do Machine Learning uma prioridade para o próximo ano, de modo que se tornem capazes de melhorar seus serviços de maneira significativa, bem como aumentar o valor do que oferecem, sem a necessidade de grandes investimentos e longos prazos.
Internet das Coisas – O IDC prevê que o mercado global de dispositivos e serviços com foco em Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) vai superar os US$ 7 trilhões até 2020. Isso deixa muitas empresas querendo saber o que fazer agora com sua estratégia baseada em IoT. Os MSPs precisam incorporar este conceito em seu portfólio, mas com todo o hype girando em torno dele, é difícil determinar que aspectos são reais e podem ser executados agora. Os MSPs precisam de tempo para aprender sobre os benefícios e as armadilhas contidos na Internet das Coisas antes que ela atinja todo o seu potencial, principalmente no que se refere a segurança, pois a IoT irá abrir um mundo de portas de entrada a serem monitoradas. A IoT irá dar muito trabalho também àqueles que lidam com leis de responsabilidade na internet. Fabricar uma cafeteria elétrica que se conecta na internet pode ter ramificações legais por parte do consumidor, e que ainda nem foram previstas em lei. Com tantas tecnologias emergentes, as empresas não têm tido tempo para se adequar. Por isso, é importante iniciar o quanto antes o processo de educação do mercado para então desenvolver uma estratégia de implementação que seja a mais eficaz. E em vez de adotar uma tecnologia e ir aprendendo sobre ela com o tempo, as empresas passam a aprender agora e a ganhar o máximo de valor possível com a IoT.
Mobilidade Corporativa – De acordo com um relatório recente da Citrix, com foco em mobilidade, o número total de dispositivos móveis para uso corporativo em todo o mundo aumentou em 72% em 2014. Os MSPs precisam dominar a implementação e a gestão da mobilidade baseada na nuvem, no intuito de atender um número crescente de funcionários trabalhando fora do escritório. Apenas entregar os dispositivos não basta. É necessário implementar soluções de mobilidade corporativa que forneçam as ferramentas certas e permitam gerenciar os dispositivos de forma remota. É por isso que já se vê em todo o mundo uma corrida das provedoras de serviço de celular, oferecendo acesso à banda larga em pontos fixos. O mundo será um campo vasto de antenas, locais ou regionais, servindo a todos com total mobilidade.
Consumerização da TI – As pessoas continuam a introduzir tecnologias voltadas para o consumidor final no ambiente de trabalho e isso está mudando a maneira como funcionários e empresas têm acesso às informações. Segundo um estudo do IDG, a proliferação de dispositivos particulares sendo usados para atividades relacionadas ao trabalho tem feito com que 82% das empresas estabeleçam mudanças, como a criação de políticas sobre o compartilhamento de dados corporativos e a compra de soluções para enfrentar estes desafios. Com isso, os clientes irão atrás dos MSPs para que estes ofereçam uma solução que proporcione uma visibilidade completa de todas as camadas da rede, além de tratar de questões voltadas para a segurança.
CIO Virtual – Muitas vezes, as empresas precisam de uma orientação para conduzir seus negócios na direção correta em termos de estratégia e operações de TI. Em vez de contratar alguém de sua própria equipe, mais e mais empresas estão se voltando para os CIOs virtuais. Para elas, é extremamente útil ter um parceiro de negócios confiável para diminuir o fosso tecnológico existente e que consiga alinhar, de forma estratégica, a tecnologia aos objetivos de negócio. Os MSPs devem sempre focar no que o cliente quer, embora, muitas vezes, haja uma enorme desconexão entre o que as empresas desejam comprar e o que os prestadores de serviços estão tentando vender. Um estudo recente mostra que 71% dos prestadores querem ter um relacionamento mais estratégico com os clientes, mas apenas 31% deles percebem isso. Ser um CIO virtual significa mais do que apenas compartilhar conhecimentos técnicos. Significa alinhar a visão do MSP de modo que consiga entregar aos clientes exatamente o que eles precisam. Como eu disse lá no início, o MSP ou o CIO virtual termina sendo um dos principais consultores de negócios que a empresa pode ter.
José "Kiko" Martins, gerente regional da LOGICnow para o Brasil e América Latina.