A Inteligência Artificial vem transformando diversos setores, e o jurídico não é exceção. A tecnologia se mostra uma importante aliada na otimização de operações, redução de custos e aprimoramento na tomada de decisões, automatização de tarefas repetitivas, e tem se tornado fundamental para como análises de documentos e pesquisa jurisprudencial, até a previsão de resultados de processos e a identificação de riscos. Com a maior proporção de advogados por habitante no mundo – cerca de 1,3 milhão, ou um para cada 164 brasileiros – o Brasil tem um terreno fértil para a adoção dessa tecnologia.
A aplicação da IA em operações jurídicas já demonstra resultados concretos, como na análise automatizada de contratos. Existem ferramentas capazes de identificar cláusulas relevantes, riscos potenciais e inconsistências com muito mais rapidez e precisão do que em uma análise manual. De acordo com o estudo "AI in contracting: an untapped revolution", realizado pela World Commerce and Contracting, incluir ferramentas de Inteligência Artificial na rotina de gestão de contratos representa uma economia de 38% em custos para as empresas com tarefas jurídicas, uma vez que o processo completo da gestão dos contratos pode consumir até 68% do tempo que as equipes legais dedicam às suas tarefas cotidianas. A pesquisa jurisprudencial inteligente, por sua vez, facilita a localização de precedentes relevantes e a construção de argumentos jurídicos mais robustos. Além disso, a IA pode auxiliar na gestão de prazos e tarefas, na organização de documentos e na comunicação com clientes. Dessa maneira, os profissionais podem se dedicar a ações mais estratégicas e complexas.
Contudo, a implementação da IA no setor jurídico requer planejamento e cuidado. É fundamental garantir a qualidade dos dados utilizados para treinar os algoritmos, a segurança das informações processadas e a transparência dos procedimentos automatizados. Embora a adoção ainda seja incipiente, com 27% dos magistrados e 31% dos servidores utilizando a tecnologia, o estudo "O uso da Inteligência Artificial Generativa no Poder Judiciário", do CNJ, revela um interesse crescente na sua implementação.
A ética no uso da IA também é um aspecto crucial, observando princípios fundamentáveis como a imparcialidade, responsabilidade e privacidade. Além disso, oferecer uma capacitação de qualidade para os profissionais jurídicos é essencial para o bom uso das ferramentas no meio – entender as complicações e as maneiras corretas de utilizações dessas soluções é de suma importância.
A adoção da IA não se trata apenas de modernização, mas de uma mudança de comportamento que impacta diretamente na eficiência, precisão e agilidade dos serviços jurídicos. É importante afirmar, também, que a IA não substituirá advogados ou juízes, mas, sim, os empoderará com ferramentas que amplificam suas capacidades. A combinação da expertise humana com a inteligência artificial pode trazer uma atuação mais eficiente, precisa e estratégica, tanto no âmbito jurídico como em outras áreas. O futuro do direito já está associado a IA e aqueles que se adaptarem a essa nova realidade estarão melhor preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que ela oferece.
Cristiano Luis da Silva, Diretor de Marketing da Projuris.