A Juniper Networks encerrou nesta sexta-feira, 17/2, um seminário de dois dias voltado para analistas financeiros e de pesquisa de mercado de TI, para anunciar sua estratégia de mercado para 2006, que privilegiará o mercado enterprise.
Ao completar 10 anos de fundação neste mês de fevereiro, a empresa apresenta um caixa positivo de US$ 2 bilhões (geração de US$ 2,5 milhões por dia útil) e está preparada para comprar novas empresas, como aconteceu com a Fun Software, Redeline, Peribit e Kagoon, adquiridas em 2005.
Além disso, ela já reservou US$ 250 milhões para recomprar suas ações na bolsa de valores americana, como forma de valorizar a empresa.
Desde sua fundação em 96 cresceu rapidamente e hoje conta com oito mil clientes em 75 países, uma equipe de mais quatro mil pessoas, dos quais mil especialistas em rede; seis mil parceiros de negócios; 12 mil profissionais certificados e receita anual acima de US$2 bilhões.
Segundo Scott Kriens, charmain e CEO da Juniper, ela disputa um mercado de US$ 20 bilhões, dos quais US$ 10 bilhões são de services providers; US$ 8 bilhões de empresas em geral e US$ 2 bilhões de segurança de redes.
Ela pretende usar a estratégia de sucesso que teve na conquista de clientes como as operadoras de telecomunicações BT, Telefônica, Verizon, Bell & South, Deutsch Telecom, SBC; com empresas de serviços gerenciados, como UPS e Hallmarck e de novos mercados, como Google, AOL, Yahoo, para conquistar o mercado enterprise.
O carro chefe desse ataque ao mercado corporativo é a linha de produtos da linha chamada Juniper Enterprise Infranet Framerworks, com dois modelos de gateways: SSG 550 com 1 GB/500 Mbps FW/VPN e o SSG-520 com 600 Mb/300 Mbps FW/VPN, ao preço sugerido de US$ 10.500,00 e US$ 6.500,00, respectivamente.
Os mercados alvos da área de enterprise são o de finanças, seguros, governo e varejo. Para atrair esses usuários, a estratégia, segundo Rob Sturgeon, vice-presidente da área, é oferecer uma rede que se tenha controle, cobertura, política de uso e padrões abertos.
Os requisitos de segurança fazem parte dos objetivos pelo qual a Juniper pretende diferenciar seus produtos, pois segundo estatísticas do CSI-FBI de 2005, 56% das empresas sofreram pelo menos um ataque interno e 65% delas um ataque externo, revelou Hitesh Sheth, VP de Produtos de Segurança.
Mercado
Segundo o Gartner a empresa ocupa hoje a segunda posição no segmento de roteadores para provedores de serviço, com mais de 30% do mercado nas subcategorias Core, Edge e Banda larga, mantendo essa posição por mais de 13 trimestres consecutivos.
No quarto trimestre de 2005, a Juniper foi reconhecida como um dos líderes no segmento roteador high-end para o mercado corporativo, ocupando a segunda posição, com mais 25% desse mercado, segundo o Synergy Research Group.
Além disso, a Juniper está no quadrante dos líderes do Quadrante Mágico do Gartner em todos os segmentos de segurança onde está presente, inclusive firewall, VPN IPSec, VPN SSL e IPS.
Na rota do Oriente
Com o objetivo de reduzir custos e se tornar mais competitiva, a Juniper desde 2005 está investindo na montagem de produtos na Índia e na China. Em 2006 pretende ampliar a fabricação na China com a intenção de reduzir os custos em 30%. Mais de 60% dos produtos vendidos pela Juniper deverão vir desses dois países.
Também transferiu pare da área de Pesquisa e Desenvolvimento para China, onde já conta com mais de mil profissionais. Sua própria área de TI sofreu um processo de outsourcing, atendido por uma empresa indiana, incluindo a área de suporte de aplicações.
Fez ainda a consolidação de seus servidores, em um único datacenter e reduziu os custos de banda larga de seus escritórios usando redes wireless.
Desafio para a América Latina
Na opinião de uma consultoria presente ao evento, para ter sucesso no mercado enterprise na América Latina, a Juniper deverá ser muito agressiva, oferecer descontos consideráveis às revendas para competir com concorrentes fortemente estabelecidos, como a Cisco, e os fornecedores chineses, conhecidos por praticarem preços reduzidos.