Como era de se esperar, a crise econômica mundial ganhou um painel inteiro durante o Mobile World Congress, em Barcelona. Intitulado "Mobile and the world economy", o seminário demonstrou bem a divisão de perspectivas entre os agentes do mundo financeiro e aqueles de telecomunicações. De um lado, representantes de operadoras procuravam olhar a crise de maneira mais otimista, destacando que o setor de telecom pode ser a locomotiva para tirar o mundo da recessão, como exemplificou o próprio moderador do painel, Tom Wheeler, ex-presidente da CTIA, na abertura do debate. Por outro lado, representantes do setor financeiro pareciam mais céticos e pessimistas.
O gerente para telecom do Lloyds Bank, Richard Price, listou uma série de efeitos negativos provocados pela crise. Fora a óbvia redução de crédito, ele apresentou gráficos mostrando o encurtamento dos prazos de financiamentos. Seus conselhos para as operadoras são: fazer caixa, reduzir custos e manter contato freqüente com os bancos para facilitar qualquer eventual necessidade de financiamento futuro.
Venture capital
Estava presente no painel um especialista em venture capital: Rich Wong, sócio da Accel, companhia que realiza investimentos de venture capital e que já apostou em várias empresas de telecom e internet, como Real, Macromedia, Admob, Facebook entre outras. Wong enxerga duas tendências nesse segmento de venture capital em telecom. A primeira é o desaparecimento daqueles investidores que classificou como "turistas". "Era gente que nem sabia soletrar CDMA e que investiu em telecom alguns anos atrás, quando havia abundância de dinheiro", explicou. A outra tendência é de redução de investimentos em empresas de infraestrutura de telecomunicações e um aumento de investimento em empresas de aplicações móveis "off deck", ou seja, aquelas cujo modelo de negócios não depende das operadoras. "Esse é o caminho que a própria Accel está seguindo. Se não acreditasse nele não estaria pondo o meu dinheiro", afirmou.
- Mobile World Congress