A aplicação de TI na área da saúde remete rapidamente à implementação de sistemas de prontuários eletrônicos, ferramentas de BI e outras aplicações que grandes empresas de TIC oferecem a hospitais, laboratórios farmacêuticos e pronto atendimentos. Mas o que dizer em relação ao paciente? Este, na maioria dos casos, não tem acesso direto aos dados médicos, ficando a mercê de processos estabelecidos por hospitais, clínicas e consultórios, com o risco de não ser atendido pelo mesmo médico e ter que reexplicar todo o problema caso seu prontuário não tenha sido preenchido por completo ou corretamente.
Foi pensando nesse cenário que um grupo de seis profissionais e alguns fornecedores e parceiros lançaram o Portal HelpLink (www.helplink.com.br) um site que oferece ao paciente a possibilidade de manter um prontuário médico pessoal.
A iniciativa tem como base uma pesquisa realizada pela Fiocruz que concluiu que a maioria dos médicos não preenche na totalidade os prontuários médicos de seus pacientes, o que pode ocasionar erros na administração de remédios, tratamentos e outros riscos à saúde da pessoa.
De 730 prontuários de internação analisados em hospitais do Recife, inclusive dois particulares, todos apresentaram percentuais elevados de ruins e péssimos. A pesquisa detectou, por exemplo, prontuários em branco ou ilegíveis, quando deveriam apresentar todas as informações do atendimento prestado aos pacientes, como exames e procedimentos adotados.
A ideia
O projeto surgiu de uma necessidade pessoal de um de seus colaboradores, o empresário Ciro de Menezes, quando ele apresentava um quadro de Gastrite. Ele precisou realizar um exame de endoscopia. "Fiz o exame e o levei ao meu médico, mas não fiquei satisfeito com a opinião dele sobre meu problema. Após pouco tempo, resolvi mudar de médico, mas percebi que tinha perdido os resultados do exame e tive que refazê-lo", conta.
Diante dessa situação, Menezes constatou que não existia, até então, um espaço na web onde pudesse armazenar exames e outras informações médicas com facilidade. "E, após algumas conversas e pesquisas tive certeza de que existia uma demanda para isso. Foi nesse momento que decidimos criar o site", lembra.
A pesquisa encomendada pelo empresário foi realizada pela Edelman Brasil e revelou que, além da demanda pelo serviço, 71% dos médicos aprovam o uso da internet pelo paciente para se informar sobre saúde. Isso porque quando estão bem informados eles aderem melhor aos tratamentos e cuidam da saúde preventivamente.
Além disso, 72% dos médicos achariam muito útil se as pessoas levassem o seu histórico médico impresso, ou enviasse por email antes da consulta, pois isto tornaria possível uma análise mais abrangente da saúde de cada paciente.
O portal
No site é possível armazenar, gratuitamente, todo o seu histórico de saúde, e inserir os atendimentos médicos realizados, doenças, resultados de exames, vacinas, entre outras informações importantes (como tipo sanguíneo, alergias, etc). O prontuário é gerenciado pelo próprio paciente que tem login e senha.
O serviço também oferece uma série de aplicativos que ajudam o usuário a fazer uma melhor gestão de sua saúde, como carteira de vacinação online, agenda de consultas médicas, Bulário Eletrônico e calculadoras de freqüência cardíaca, risco cardiovascular e massa corporal.
O projeto foi ao ar em versão Beta no segundo semestre de 2008, após cerca de seis meses de pesquisas e planejamentos. Desde sua concepção até o presente momento, o portal está na sua 3ª versão, e passou por melhorias. "Hoje, mais do que um local para organizar os dados de saúde de alguém, a HelpLink se propõe a ajudar as pessoas a viverem de uma maneira mais saudável, com mais qualidade, cuidando preventivamente da sua saúde" afirma Menezes.
Com investimentos de cerca de R$ 800 mil, o HelpLink não tem parcerias com hospitais ou laboratórios, mas conta com um board de médicos e de usuários – cinco mil até o início deste mês, que ajudam a desenvolver ferramentas e a melhorar o produto.
Uma das formas de geração de receita do Portal é a publicidade. Anunciantes do setor de saúde e bem estar podem inserir banners nas páginas de maior interesse, como a de acompanhamento de pressão arterial, acompanhamento de glicemia, acompanhamento de alimentação, de exercícios físicos, ou simplesmente em todo o conteúdo do portal.
Essa informação é levada para o cliente no formato de índices, resguardando 100% dos dados individuais do usuário e garantindo sua privacidade.
Dados técnicos e métricas
Rodrigo Bizarro, representante de TI do HelpLink, explica que as informações são armazenadas em banco de dados relacional ligado a um storage redundante. "Utilizamos a tecnologia Apache para fazer o loadbalance entre outros dois servidores. Não foram necessárias alterações em plataformas de hardware ou software para receber o sistema, porque foram utilizadas tecnologias de ponta, testadas e reconhecidas pelo mercado, para desenvolver e suportar o sistema", explica.
Bizarro conta que o portal teve um crescimento de 46,92% no número de visitas em comparação com o mesmo período de 2010, e uma taxa de permanência de 4 minutos e 28 segundos. Para 2011, a ideia é aumentar em mais 3 minutos o tempo de permanência. "A taxa de reversão (visitas x cadastros) também não nos agrada, está em torno de 10%, e para esse ano pretendemos aumentar para 30%. Temos também a pretensão de desenvolver aplicativos em tecnologia móvel para facilitar a interação das pessoas com o portal".
Lembrando que o cadastro e o armazenamento do prontuário é gratuito, a Helplink se remunera através de publicidade no portal e da comercialização de pesquisas para o mercado de saúde. "Nossos clientes conseguem, por exemplo, informações importantes sobre market share em uma faixa etária ou sexo específicos; por cidade, estado ou nacional", informa Ciro Menezes. O faturamento da HelpLink não foi divulgado.
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