2020: o ano do amadurecimento digital

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Bem perto da terceira década dos anos 2000, falar de tecnologia já se tornou algo corriqueiro. O mundo está cada vez mais conectado, experimentando uma transformação e um crescimento sem precedentes, em virtude da implantação de inovações tecnológicas que não param de surgir. Mas, mesmo com os incontáveis facilitadores para os problemas e processos do dia a dia, o cenário ainda é desafiador, tanto para as pessoas quanto para as empresas. Em 2020, chegamos a um ponto crucial para o amadurecimento digital.  E não há como voltar atrás.

No Brasil, três setores despontam para essa maturidade: serviços financeiros, varejo, e telecomunicações e tecnologia. São eles que se encontram mais próximos do ponto de inflexão, no qual as empresas líderes definem o "novo normal" do setor, fazendo com que as companhias defasadas em sua transformação corram risco maior de se tornar obsoletas, segundo Índice de Maturidade Digital da consultoria McKinsey. Ou seja, não basta mais parecer tecnológico. É preciso ser e colher os frutos dessa decisão.

Nesse ambiente de maturidade digital, o foco das empresas de telecomunicações estará em modernizar a infraestrutura, com investimentos na virtualização (VNF) e conteinerização (CNF) das funções de rede em preparação ao 5G, e nos ambientes Edge, mais próximos dos dispositivos conectados, sejam eles celulares, carros ou demais equipamentos relacionados à Internet das Coisas Já os serviços financeiros devem apostar em ferramentas ligadas ao Open Banking, buscando soluções para garantir a segurança no tráfego de dados; enquanto o varejo investirá em facilitar a jornada digital dos consumidores, oferecendo novos serviços e um atendimento personalizado.

Para seguir nessa jornada e alcançar seus objetivos, as corporações precisam ter como grandes aliados os provedores de tecnologia que, agora, têm que entregar aos clientes ferramentas que possam levá-los muito além de uma metamorfose lenta. As empresas de tecnologia se encontram em um estágio no qual devem entender profundamente as necessidades e aspirações dos consumidores, fornecendo a eles soluções individualizadas, que ofereçam valor agregado e que estejam alinhadas com as estratégias internas de cada companhia. Promover uma relação mais próxima e entregar capacidades sistêmicas e econômicas para a execução eficaz da transformação digital, também são fatores essenciais.

A corrida pela expansão

Depois de anos limitado aos early adopters (pessoas mais dispostas a usar novas tecnologias) –, metodologias de desenvolvimento de software ágil e DevOps começam a se tornar convencionais. A difusão destes conhecimentos, práticas e ferramentas entre os profissionais de TI e a maior necessidade por acelerar entregas em um ambiente de negócios cada vez mais ancorado em ativos digitais, são os principais fatores que impulsionam a propagação das metodologias e sua implementação nas empresas.

A maior parte dessas ferramentas e tecnologias está voltada à nuvem híbrida, solução que combina diferentes nuvens públicas com ambientes tradicionais e nuvem privada. O foco nesse modelo está apoiado em sua rápida adoção: 31% das empresas ouvidas pela Red Hat Global Customer Tech Outlook 2020 em todo o mundo afirmou optar pela nuvem híbrida em seu dia a dia. Isso acontece em decorrência de três pontos fundamentais, de caráter técnico, devido às funcionalidades e características únicas de cada nuvem; econômico, pois a capacidade de mover cargas de trabalho entre nuvens reduz lock-in e aumenta o poder de negociação; e regulatório, dadas às exigências por variados níveis de qualidade e de localidade de serviço.

O mercado está mais propenso a buscar sinergias e deve se focar em projetos que viabilizem opções de otimização e flexibilidade, como, por exemplo, a implementação de plataformas de nuvem híbrida. Assim, ao obter competência na movimentação de cargas de trabalho entre diferentes ambientes e nuvens, sem perda de capacidades e níveis de serviço, as organizações vão buscar por provedores que ofereçam condições econômicas com modelos de previsibilidade de custos e que dispõem de recursos locais, minimizando gastos atrelados à moeda estrangeira.

Uma tecnologia em destaque nesse contexto é a de containers. Popularizada pelos projetos de código aberto docker e kubernetes, já se tornou realidade em muitas organizações. Impulsionadas pela busca por eficiência e protagonismo da TI para o negócio, essas tecnologias têm, e cada vez mais terão, um papel chave nos projetos estruturantes de nuvem híbrida, na pavimentação das arquiteturas de microsserviços e na simplificação do uso de inteligência artificial e Machine Learning.

As plataformas de gestão e automação de ambientes híbridos, como o ansible, também tem ganhado mais espaço e devem ter um impacto ainda maior no mercado. Ambientes de múltiplas nuvens são complexos, já que novas funcionalidades são liberadas todos os dias pelos provedores, e é difícil encontrar profissionais especializados. Por isso, a centralização em uma plataforma simples e que automatiza toda operação será fundamental para colher os benefícios de uma estratégia de nuvem híbrida.

Para obter mais investimentos e se tornar protagonista em um mercado completamente globalizado que é a cadeia de valor de TIC, é fundamental que o Brasil pratique maior abertura com relação às importações. Mas esse processo complexo precisa ser executado como parte de um projeto de políticas estruturantes, de forma a impedir o surgimento de uma situação que beneficia apenas a importação em detrimento da produção local, como já ocorreu em outros países.

Para tanto, paralelamente à melhoria do ambiente de negócios orientados à importação, órgãos públicos e empresas precisam se alinhar e promover um aumento significativo de incentivos e de investimentos na modernização da fabricação local, com uso intensivo de automação e foco em educação continuada, de forma a aumentar a competitividade e a eficiência do setor de TIC no Brasil, contribuindo para seu real e derradeiro amadurecimento.

Thiago Araki , Manager, Latin America Office of Technology na Red Hat.

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