Após dois anos do lançamento no Brasil, o open finance alcançou 17,3 milhões de consentimentos para o compartilhamento de dados pessoais e bancários, sendo 10,8 bilhões de comunicações bem-sucedidas no período. Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O objetivo do open finance segue sendo o mesmo do seu antecessor, o open banking ou sistema bancário aberto: a troca segura de informações para fomentar melhores condições na contratação de produtos e serviços financeiros. Como no modelo anterior, apenas o titular dos dados tem o poder de autorizar o compartilhamento de informações entre as instituições que ele quiser, em um movimento que permite a criação de ofertas personalizadas, criadas de acordo com o perfil de consumo de cada um.
Na prática, com o open finance, os consumidores compartilham seus dados financeiros de forma controlada com terceiros por meio de conexões seguras alimentadas por APIs (Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicações), Por sua vez, bancos, fintechs ou outras plataformas financeiras obtêm acesso rápido e confiável a dados precisos, permitindo-lhes criar produtos inovadores projetados exclusivamente para atender às necessidades dos clientes.
Para isso acontecer, no entanto, a palavra-chave é tecnologia – o que gera uma perspectiva de crescimento interessante para os profissionais de Tecnologia da Informação (TI) -, principalmente porque ainda há muitos desafios a serem enfrentados, como a expansão da iniciativa para outras instituições financeiras, a evolução da regulamentação e a adoção crescente pelos consumidores. Além disso, a integração de serviços financeiros em uma plataforma aberta pode trazer novas oportunidades de negócios e serviços, o que também contribui para o aumento da demanda por talentos em TI.
Para que a revolução nesse novo ecossistema seja possível, é preciso que haja profissionais de TI qualificados e capacitados. Além de ser um papel complexo e multifacetado, é fundamental que eles tenham a capacidade de criar soluções e produtos para ajudar instituições já consolidadas a usar essas novas tecnologias para se reinventar, simplificar processos e promover uma melhor experiência para os usuários.
Com todas essas transformações, o profissional contribui para ampliar a indústria financeira e criar novas perspectivas de negócio beneficiando a sociedade. E, na medida em que elas crescem e as plataformas ficam mais sólidas e robustas, produtos mais sofisticados passarão a ser oferecidos, aumentando também a demanda por novas soluções de open finance, como um círculo virtuoso.
Claro que também precisamos falar dos desafios. À medida que o open finance avança, as ameaças de fraude e os problemas de segurança seguem evoluindo junto à tecnologia que há por trás desses ecossistemas, e esses problemas devem ser mitigados.
As instituições precisam de sistemas confiáveis para gerenciar o processo de compartilhamento de dados, para introduzir novos aplicativos e serviços que exijam um sistema de suporte de tecnologia robusto. Sem isso, elas correm o risco de ficar para trás de suas concorrentes e perderão clientes que podem encontrar melhores experiências em outros lugares.
Ou seja, todas essas demandas trazem os holofotes para especialistas de TI de diversas áreas. Temos notado que os nossos clientes aumentaram a busca por desenvolvedores de software, especialistas em API's, arquitetos de sistemas, analistas de dados, especialistas em cibersegurança, além de especialistas em cloud computing.
Pela sua natureza interdisciplinar, o open finance exige que os profissionais não tenham apenas as habilidades técnicas da sua área de atuação. É preciso que tenham um bom entendimento dos principais conceitos financeiros, como investimentos, crédito, seguros e regulações financeiras, além, é claro, de estar sempre atualizados e preparados para lidar com as diferentes tecnologias envolvidas, como blockchain, inteligência artificial, machine learning, entre outras.
Hoje os nossos clientes estão sim em busca de profissionais qualificados, capacitados e com habilidades, mas também daqueles que têm uma visão estratégica para compreender como o open finance pode ser usado para atender às necessidades dos clientes e das empresas. Ou seja, eles precisam estar aptos a analisar as necessidades do mercado e dos usuários.
A experiência do usuário é a pedra angular do open finance. Neste sentido, o profissional de TI precisa não só entender o potencial, mas também as dificuldades que podem surgir com as novas tecnologias.
Gilberto Reis, diretor de operações da Runtalent.