Uma verdadeira "operação de guerra para trocar os pneus com o carro em movimento" aconteceu no Complexo Funfarme (Fundação Faculdade Regional de Medicina) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O gerente de TI do Hospital Universitário, Roberto Miguel Freddi, resume da seguinte forma as mudanças: "foi um dos maiores projetos de informatização na área da saúde". Segundo ele, o projeto envolveu o treinamento de um grande número de pessoas, uma alta quantidade de equipamentos instalados e abrangeu toda a estrutura do Complexo Funfarme. O hospital tem 708 leitos, aproximadamente 4 mil funcionários e é responsável por 2,2 mil cirurgias, em média, por mês.
Segundo o Ministério da Saúde, a saúde pública de São José do Rio Preto é a quinta melhor do Brasil, entre 29 municípios classificados como mais ricos do país. O investimento em TI do Hospital Universitário da cidade é uma demonstração prática do índice. Os R$ 4 milhões financiaram a implantação do sistema de gestão (ERP) de gestão hospitalar e as adequações de infraestrutura do hospital – aproximadamente 1,3 mil microcomputadores novos foram instalados. "Além disso, foram adquiridos servidores, 450 impressoras a laser, leitores de códigos de barras, switches e instalados 40 mil metros de cabo de rede e 2 mil metros de fibra óptica", detalha Freddi.
O investimento na integração do sistema retorna, segundo o gerente de TI, principalmente em aumento da produtividade na área administrativa e assistencial, na eficiência e agilidade nos controles internos, e na maior segurança e qualidade no atendimento. "As prescrições médicas e as receitas são todas informatizadas, assim como os documentos específicos de cada especialidade, evitando problemas de interpretação de letras", diz.
Anteriormente, a informatização do Hospital Universitário abrangia somente algumas áreas administrativas. Os sistemas não eram integrados, o que gerava, entre outras conseqüências, perda de produtividade, principalmente pela falta de centralização entre os sistemas de faturamento, financeiro e contabilidade.
Além disso, "os prontuários em papel dificultavam e atrasavam os atendimentos, pois nem sempre os mesmos eram localizados quando era preciso", lembra Freddi. Ele afirma também que os microcomputadores estavam obsoletos, gerando alta demanda por manutenção técnica, assim como as impressoras jato de tinta e matriciais, que muitas vezes elas ficavam paradas por falta de peças de reposição.
A rede interna do hospital também não tinha identificação e certificação, o que dificultava o diagnóstico de problemas. "Diversos sistemas rodando em desktops atrapalhava o gerenciamento dos servidores, além de ocuparem muito espaço físico no data center", detalha o gestor de TI.
Decisão da mudança
O projeto de reestruturação de TI do Funfarme aconteceu há três anos, após a posse, em abril de 2009, da nova diretoria do Hospital Universitário, coordenada pelo Dr. Horácio José Ramalho. Freddi explica que a partir da nova gestão, foi possível a "mudança de mentalidade", pois os gastos com tecnologia passaram, então, a ser enxergados como investimento, não como despesas. Dessa forma, após um diagnóstico realizado pela área de TI, a nova diretoria autorizou a "revolução tecnológica".
Os profissionais de TI do hospital pesquisaram, então, fornecedores no mercado e a solução concretizou-se dentro de um ano a partir da união de esforços do seguinte grupo: MV, fornecedora do sistema de gestão hospitalar; VisualSystems, responsável pela revenda IBM e Oracle; e Netcop, empresa que faz o outsourcing de impressão.
Para a aquisição do ERP, foi necessário adotar uma plataforma com tecnologia blade center, "que nos permite expandir o servidor apenas com a aquisição de mais processadores, sem que seja necessário investir na troca do mesmo quando esse não estiver mais atendendo a necessidade do sistema", explica o gerente.
Segundo Freddi, a equipe contou com o apoio dos fornecedores em todo o processo de implantação, não só de forma prática, como também transferindo informações para os usuários do novo sistema. Mas ele faz uma ressalva: "muitos conhecimentos adquirimos por conta própria, após a implantação do sistema, com a criação de um setor de consultoria para a utilização do novo método".
Hoje, com todos os setores informatizados, a estimativa é que aproximadamente 3000 pessoas utilizem os sistemas disponibilizados pela Instituição. E Freddi destaca que frequentemente há investimentos em mais equipamentos para atender as demandas de expansão do hospital. Segundo ele, em 2012, por exemplo, está previsto no orçamento do hospital o investimento em soluções de PACs (Picture Archiving and Communication System), para a digitalização e o armazenamento das imagens de exames dos pacientes; e rede wireless.