O município de Santa Cruz da Esperança (SP) iniciou um projeto batizado como Moeda Verde em 2017. Nascido na sala de aula, o objetivo era ir além da reciclagem de resíduos sólidos, com foco no desenvolvimento social, econômico e garantir a saúde pública. A parceria foi feita com a Secretaria Municipal da Saúde, da qual retira mais de uma tonelada de resíduos das ruas e das casas da população.
Tudo que é recolhido é vendido para recicladoras da região e o dinheiro arrecadado retorna para o comércio, para o pagamento do que foi comprado pela população com a "moeda verde". Antes, esse material ia para o aterro sanitário da cidade. As sacolas de lixo ganham uma nota de plástico, muito parecida com a antiga nota de R$ 1, usada como "dinheiro de verdade" no comércio local. Cada dois quilos de papelão, por exemplo, valem duas moedas, o mesmo obtido com um quilo de latas de alumínio. As trocas são feitas duas vezes por semana no centro de recolhimento, que fica em frente ao prédio da prefeitura e todo o material é pesado na hora e o pagamento à população é feito no local.
Com o blockchain em produção a partir de meados de julho, o processo ocorrerá de forma descentralizada, uma vez que serão feitos smart contracts com o Ethereum, no padrão ERC20. "Isso significa que será possível até trocar a moeda verde por bitcoin, uma vez que são usados tokens nas transações", comenta Antonio Limongi França, co-fundador da Ecochain, responsável pela implantação do blockchain em Santa Cruz da Esperança.
"Além da Moeda Verde zerar os casos de dengue, atualmente 40% do volume de resíduos sólidos no aterro sanitário local foram eliminados. Com o blockchain, esse índice será bem maior, uma vez que a expectativa é também movimentar a economia da cidade. Com o projeto Moeda Verde circula R$ 5 mil reais e com o blockchain a expectativa é chegar até R$ 20 mil ainda em 2018", prevê a secretária de Saúde do município, Geovana Biaggi Moraes (foto).
O processo continuará o mesmo, o que mudará é o uso da nova tecnologia para garantir a confiabilidade e transparência, acelerando as transações. Segundo França, o blockchain irá gerar riqueza porque o que era lixo passa a ser economicamente sustentável não só para a cidade, como também pode expandir para os outros 80 municípios que compreende a Bacia do Rio Pardo. Portanto, isso não representa uma redução de custo, mas uma inovação e ampliação do processo, que pode ser usado por cidades de qualquer tamanho.