Fábio Badra, presidente da InternetSul, associação que representa os mais de 630 provedores de Internet do RS, diz que as informações divulgadas pelo Governo Federal sobre a retomada do sinal de telefonia e internet no Rio Grande do Sul, se referem a conexões móveis, porém quando se trata de conectividade de residências, empresas e instituições de assistência, se fala em banda larga fixa, e este é um insumo que está muito longe de estar completamente restabelecido, apesar dos incansáveis esforços dos provedores do Estado.
De acordo com um estudo realizado pela InternetSul, em parceria com outras associações do setor, cerca de 30% da conectividade de banda larga do RS foi afetada pelos desastres naturais. A pesquisa segue em andamento, o que indica que o número tende a aumentar.
"É importantíssimo ressaltar que quando se menciona a restauração das telecomunicações e internet, isso se refere principalmente à conectividade móvel, onde as operadoras têm acordo de roaming entre si. No entanto, as infraestruturas das operadoras ainda não estão completamente restauradas, e elas estão compartilhando estruturas para manter a conectividade móvel funcionando", destaca Badra. "Mas quando se fala de residências, empresas, órgãos, é banda larga fixa, fibra óptica, e isso tem sido reposto pelos provedores regionais, que têm desempenhado um papel crucial na reconexão das comunidades afetadas", complementa.
A Diretora Jurídica da InternetSul, Dra. Andrea Rebechi de Abreu Fattori, esclarece que a Internet móvel se presta muito mais ao consumo de informações, enquanto que a banda larga fixa, fornecida pelos provedores, traz maiores possibilidades de conexão, tráfego de dados e arquivos, e realização de operações online.
"Portanto, a banda larga fixa é o necessário para verdadeiramente reconectar o Estado, recolocar o RS nos trilhos da produção, do desenvolvimento econômico e, por consequência, da retomada do crescimento social", atesta a advogada.
O presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Mauricélio Oliveira Júnior, corrobora: "Embora o serviço tenha sido restabelecido, a qualidade da conexão via roaming ainda não atende as necessidades básicas da população, que continua insatisfeita. Pode ser visto em vários posts da internet. É importante destacar o incrível trabalho dos provedores regionais na recuperação das redes com esforços heróicos, utilizando geradores, barcos e jet skis. Eles têm mantido as redes operando mesmo em áreas alagadas", destaca.
Conforme Mauricélio, é graças a esses provedores que serviços essenciais, como abrigos, hospitais, escolas e órgãos públicos, continuam funcionando no RS. "Queremos ressaltar a importância desses pequenos provedores neste momento difícil que o Rio Grande do Sul enfrenta. Eles são verdadeiros heróis na manutenção da conectividade em tempos de crise tão difíceis", ressalta.
O Conselheiro da InternetSul, Alexandro Schuck, acrescenta que a atuação dos provedores regionais vai muito além do envio de equipamentos, como fizeram empresas bilionárias, a exemplo da StarLink. "Os provedores carregam caixas, rolos e cabos, molham os uniformes e embarram as botinas entrando nos alagados para puxar a fibra que reconecta nossas pessoas, nossas empresas e, principalmente, nossas instituições públicas vitais para o socorro dos necessitados, como é o caso das mais de 50 postos de Bombeiros que já tiveram a internet restaurada por pequenos provedores em diferentes localidades", explica Schuck.
Conforme o Conselheiro, um levantamento feito pela InternetSul mostrou as cidades onde a reconexão é de extrema urgência. Dessa forma, municípios como Canoas, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves, Santa Maria, São Leopoldo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Montenegro, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Sapiranga, Canguçu, Jaguarão, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, Restinga Sêca, São Pedro do Sul, São Sepé, Canela, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Gramado, Lagoa Vermelha, São Marcos, Taquara, Vacaria, Veranópolis, Camaquã, Encantado, Encruzilhada do Sul, Estrela, Guaíba, Lajeado, Rio Pardo, São Jerônimo, São Lourenço do Sul, Taquari, Venâncio Aires, Vera Cruz, Alvorada, Cachoeirinha, Esteio, Gravataí, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul e Viamão já foram ou serão em breve beneficiadas por essa ação dos Internet Service Providers – ISPs.
"São Empresas de pequeno e médio porte que, mesmo com suas próprias redes e infraestrutura prejudicadas pelas enchentes, enfrentando prejuízos gravíssimos não somente aos caixas de seus negócios, mas que se estendem ao sustento de suas famílias e às de seus funcionários, se dedicam à reconexão do RS", afirma o presidente Fábio Badra.
Ainda segundo ele, os pequenos provedores de Internet são responsáveis por mais de 53,4% do mercado de banda larga fixa no Brasil. Só no Rio Grande do Sul, essas empresas atendem quase 2 milhões de clientes, o que reforça sua importância para a conectividade do Estado.
"Por a mão na massa, o pé no lodo, o barco na enchente, o cabo no poste, custe o que custar, para conectar hospitais, delegacias, postos de bombeiros, secretarias públicas e outros pontos de apoio, fundamentais nesse momento. Lutar como verdadeiros salvadores em um cenário de guerra. Isso sim é gigante. Podem ser provedores pequenos e médios, mas sua coragem, perspicácia, dedicação e fazer real são enormes", finaliza Schuck.