Marcos Peano*
Nos últimos anos vem ocorrendo a consolidação da Índia como mercado provedor de serviços de tecnologia, sobretudo para o mercado norte-americano. Este domínio se originou na área de desenvolvimento (fábricas de software) onde a Índia oferecia um preço competitivo, uma mão-de-obra qualificada e fluente em inglês. A qualidade dos serviços não era excepcional, mas atendia principalmente o volume das necessidades das empresas norte-americanas.
Por meio de um esforço de marketing internacional, da formação de mão-de-obra especializada e de incentivos à criação de novas empresas, aumentou o leque de serviços oferecidos: call centers, digitalização e, agora, pesquisa e desenvolvimento.
Podemos perceber como o esforço da Índia consolidou a sua posição como fornecedor deste tipo de serviços. Nos últimos anos a China também vem se posicionando como um competidor neste mercado e promete ser um player pesado.
Em minhas últimas experiências em multinacionais sempre busquei posicionar o Brasil como um possível competidor, enfrentando forte reação da matriz que não enxergava o nosso País nesta competição.
O conceito de nearshore vem tomando corpo nos últimos anos. Muito mais como uma forma de tentar colocar o Brasil de volta ao cenário competitivo, o nearshore procura explorar as vantagens do País em relação à Índia: um fuso horário menor, uma cultura mais próxima e um custo bastante competitivo.
Entretanto, para enfrentar este desafio o País precisa de um claro esforço do governo no sentido de posicionar o Brasil como um fornecedor internacional deste tipo de serviços. É um esforço que exige uma série de medidas de incentivo interno (que abordaremos em outros artigos), mas principalmente por um trabalho de marketing, posicionamento do País e incentivo à exportação destes serviços. Este trabalho é hoje realizado de forma esporádica e essencialmente por algumas empresas que buscam se posicionar no exterior.
Um trabalho mais estratégico necessita a aproximação do governo com o setor buscando efetivar políticas de incentivo que, muitas vezes, já existem, mas não chegam à comunidade de empresas.
Além disso, é necessário também um esforço intenso de levar estas empresas aos mercados-alvo com o suporte e aval do governo brasileiro.