As compras on-line feitas por celular devem atingir US$ 8,6 bilhões somente nos Estados Unidos em 2014, de acordo com estudo da ABI Research, compilado na edição 2012 do Retail Trend, dossiê internacional tendências do varejo elaborado pelo The Future Laboratory. O documento traz como destaque dados sobre a segunda geração de consumidores on-line – jovens que migraram da modalidade de compra de produtos por meio do comércio eletrônico tradicional (e-commerce) para o m-commerce, como é conhecido o processo de compras via dispositivos móveis.
A pesquisa revela que até 2015, os consumidores do mundo todo devem gastar cerca de US$ 119 bilhões em bens e serviços adquiridos via celular. No Japão, o m-commerce já é responsável por 50% de todas as transações, de acordo com a operadora O2, principalmente pela facilidade em pesquisar preços. O grande impulsionador dessa tendência, porém, batizada de "varejo sem fronteiras", ainda será o e-commerce, devido ao atributo da comodidade das compras on-line. Segundo análises do Centre for Retail Research, na Europa, o varejo on-line deve crescer 11% neste ano. Nos EUA, as compras online devem registrar um aumento de 10% ao ano até 2014, quando espera-se que o segmento fature US$ 249 bilhões e responda por 8% das vendas do varejo norte-americano.
“Os gestores das lojas convencionais devem atentar para a presença on-line como forma de maximizar as vendas. A presença on-line é tão importante que algumas lojas na Europa montaram quiosques nos próprios estabelecimentos para que o cliente possa fazer a pesquisa on-line dentro da loja. Esse é um claro investimento para se tornar multicanal e alinhar o negócio ao novo perfil de consumidor", ressalta Paulo Al-Assal, diretor-geral da Voltage, agência especializada na elaboração insights aplicáveis ao negócio e que no Brasil representa o The Future Laboratory.
O estudo aponta que o consumidor, de modo geral, está mais cauteloso. Na Alemanha, 72% dos consumidores afirmaram que gastarão menos este ano do que em 2010 – quadro semelhante ao da Espanha e França, onde 82% e 74% dos consumidores, respectivamente, declararam a mesma intenção de reduzir gastos. Em contraste, as economias que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) demonstram otimismo. Na Índia, até 2013, o varejo deve faturar US$ 833 bilhões, subindo para US$ 1,3 trilhão até 2018, de acordo com dados do India Brand Equity Foundation. Na China, o varejo deve crescer 47% em cinco anos, chegando a US$ 2,5 trilhões em 2014. Há, também, boas perspectivas para os países que compõem o N11 (Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Coreia do Sul, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã).
A pesquisa mostra também que os consumidores dessa nova década estão mais preocupados com questões de sustentabilidade: aspecto essencial à motivação de compra. Segundo Al-Assal, o consumidor contemporâneo exige uma reinvenção do varejo, o que os estudiosos de tendências têm classificado como a “Idade da Transformação”. "Os novos consumidores prestigiam marcas com uma postura ética, que unem valores do passado – como princípios éticos, ambientais e de comunidade – aos avanços digitais do futuro. De modo geral, autenticidade é a palavra que mais define essa demanda do consumidor", afirma o analista.