Apesar da falta de uma política específica para o setor, o software brasileiro mantém-se competitivo. A avaliação é do deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), relator de estudo sobre o setor, divulgado na semana passada pela Câmara dos Deputados. Uma das razões para isso, segundo ele, é o desempenho do mercado interno de programas de computação.
De acordo com o parlamentar, o mercado nacional de software ocupa a sétima posição no ranking mundial do setor, com crescimento anual em torno de 11%. ?Pode ser pouco se comparado com a China, onde o mercado cresce a 30% por ano, mas o mercado brasileiro passa a ter uma massa crítica capaz de absorver qualquer produto novo e incorporar as inovações?, afirma.
A segunda razão para a qualidade competitiva do software brasileiro é o capital humano, que desenvolve novas tecnologias. Gadelha cita a exploração de petróleo em águas profundas pela Petrobras e o carro bicombustível, baseado num software que permite ao veículo identificar o teor de álcool e gasolina e adaptar automaticamente o motor do veículo.
A tecnologia bancária, segundo Gadelha, também é um exemplo da qualidade do Brasil no setor. ?Os bancos brasileiros têm um nível de automação maior que os bancos americanos e os bancos estrangeiros, graças aos softwares desenvolvidos no país?, ressalta.
Para Gadelha, o Brasil poderá recuperar o terreno perdido e ocupar posição de destaque no cenário internacional. Ele recorda que, nos anos 90, o Brasil chegou a exportar mais softwares do que importava. Atualmente, no entanto, o país é deficitário no setor em cerca de US$ 1 bilhão por ano.
Segundo o deputado, as sugestões do estudo divulgado pela Câmara, somadas às propostas que tramitam no Congresso sobre o setor, farão com que o Brasil recupere, em cinco a dez anos, o terreno perdido para os produtos estrangeiros. ?O software é hoje a base de todo o processo de mudança no aparelho produtivo, nas relações sociais, nos valores éticos e morais. Tudo isso está mudando em função de programas que são lançados no mercado. O mundo todo depende disso e o Brasil não pode ficar à margem desse processo?, concluiu Gadelha.
Um dos exemplos de interação entre o governo e o setor privado ocorre com a empresa brasileira de tecnologia da informação PhDSoft, que recebeu R$ 500 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência e Tecnologia, para promover a adaptação do programa C4D para uso em robôs submarinos que inspecionam as estruturas de plataformas marítimas de exploração de petróleo.
O software utiliza tecnologia 100% nacional e é único no mundo. Ele foi desenvolvido há cerca de uma década pela PhDSoft em parceria com a Petrobras, que o utiliza em todas as suas unidades marítimas.
Com informações da Agência Brasil.