A nova era da inovação corporativa está redefinindo as fronteiras da colaboração e impulsionando a cocriação em escala global. Não se trata mais apenas de desenvolver ideias internamente ou de estabelecer parcerias pontuais; é sobre construir ecossistemas dinâmicos que transcendam barreiras geográficas, culturais e setoriais. Na área de inovação aberta, as empresas estão se conectando como nunca, aproveitando sinergias e compartilhando recursos para resolver problemas complexos e criar valor conjunto. Esta transformação está particularmente visível em regiões como o Brasil e a América Latina, onde as tais colaborações estão se tornando o novo padrão.
Um exemplo marcante desse fenômeno é a forma como o Torq, um hub de inovação de alcance global, está liderando iniciativas colaborativas. Em Florianópolis, recém-promovida à capital nacional das startups, a empresa tem realizado, em parceria com agentes de inovação locais, como a ACATE e a Darwin Startups, uma série de eventos e oportunidades de networking em que reúnem empreendedores, investidores e acadêmicos. Esses encontros não só fortalecem a comunidade local, mas também criam um ponto de conexão entre a cena regional e o ecossistema global. Essa sinergia tem incentivado o surgimento de startups que agora competem em mercados internacionais, mostrando como uma abordagem local pode gerar impacto global.
Outra iniciativa que merece destaque são as parcerias que diversas empresas têm feito com universidades brasileiras e estrangeiras. Esses projetos não apenas exploram oportunidades de inovação, mas também apoiam iniciativas acadêmicas, integrando o conhecimento acadêmico à prática corporativa. Esse vínculo entre universidade e mercado é crucial para o desenvolvimento de soluções inovadoras que atendam às demandas reais da sociedade. Em um desses casos, um projeto conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) resultou no desenvolvimento de uma plataforma de análise de dados que está sendo usada para explorar novas oportunidades de inovação. Outro exemplo é a participação em laboratórios de inovação em conjunto com iniciativas de universidades brasileiras e chilenas, que oferecem infraestrutura e apoio para startups em estágios iniciais.
Ademais, a colaboração com associações nacionais, como a ABCVC (Associação Brasileira de Corporate Venture Capital), tem sido um pilar fundamental para promover o ecossistema de Corporate Venture Capital (CVC) no país. Como resultado, o Brasil está emergindo como um dos principais mercados para investimentos corporativos na região, com diversas empresas adotando modelos de colaboração abertos e inovadores.
A interação com outros centros de inovação e unidades de CVC de diferentes corporações é essencial para acelerar o desenvolvimento de novos projetos. Ao compartilhar experiências, recursos e até mesmo startups do portfólio, essas colaborações ampliam as possibilidades de sucesso. Um exemplo disso foi a cooperação entre o Torq e a unidade de CVC do BTG, que culminou na aceleração conjunta de startups focadas em soluções tecnológicas para a indústria financeira. Além disso, a troca constante de informações entre hubs permite a criação de programas mais robustos de aceleração e investimento.
Este movimento reflete uma tendência maior em que corporações e startups estão se conectando para co-criar. Um exemplo notável no mercado é a colaboração entre o Nubank e startups de tecnologia para integrar soluções de inteligência artificial às experiências dos clientes. Da mesma forma, multinacionais como a Embraer têm trabalhado em parceria com hubs de inovação em Israel para desenvolver tecnologias de mobilidade aérea urbana. Recentemente, parcerias entre empresas de varejo e fintechs na região estão criando novas soluções para pagamentos e experiências de consumo.
Na América Latina, esse modelo de colaboração também se expande para áreas como agricultura e saúde. Empresas estão investindo em soluções que integram tecnologia de ponta com conhecimento local. No setor agrícola, por exemplo, startups no Brasil e na Argentina têm se unido a corporações globais para desenvolver plataformas de gestão de cultivos que combinam IoT e análise de dados. Em saúde, startups de biotecnologia estão colaborando com hospitais e centros de pesquisa para criar tratamentos mais eficazes e acessíveis, ampliando o acesso à medicina de precisão.
O impacto dessas colaborações é significativo. Elas não apenas aceleram o ritmo da inovação, mas também democratizam o acesso a recursos e conhecimentos. Ao conectar startups com grandes corporações, universidades e governos, cria-se um ciclo virtuoso em que todos os participantes se beneficiam. Mais importante, essas colaborações estão ajudando a resolver desafios globais, como a sustentabilidade, por meio de soluções compartilhadas e abordagens inovadoras. Além disso, a troca de conhecimento entre diferentes ecossistemas estimula a criação de soluções adaptadas a contextos locais, aumentando a relevância dos projetos.
Para as empresas que desejam navegar nesse novo paradigma, o caminho é claro: engajar-se ativamente em ecossistemas de inovação, identificar parceiros estratégicos e estar dispostas a compartilhar conhecimento e recursos. Iniciativas como as do Torq mostram que as vantagens dessa abordagem são amplas, desde a criação de novos produtos até a expansão para novos mercados. A era da inovação aberta ainda tem muito a evoluir, e as empresas que abraçarem essa revolução terão uma vantagem decisiva no futuro. Com o avanço contínuo das tecnologias e o aumento das conexões globais, a capacidade de colaborar será um dos maiores indicadores de sucesso na próxima década.
Thiago Iglesias, Head do Torq, hub de inovação da Evertec + Sinqia.