O termo "mobilidade urbana" nunca esteve tão em alta e deve galgar espaços ainda de mais destaques na mídia. Isso porque é um conceito usado para explicar um problema que atinge a todas as pessoas que vivem em grandes cidades: formas de deslocamentos diários. Em São Paulo, por exemplo, cidade com mais de 12 milhões de habitantes, o trânsito, os meios de transportes (públicos ou particulares) e as distâncias são grandes entraves para que o dia a dia da população flua da melhor forma possível.
Depois de muito pensar e inúmeras sugestões que nunca deram em resultados efetivos, nos últimos anos vimos um movimento interessante no sentido de se "re-pensar" as cidades. Isso aconteceu pelo surgimento das startups de Mobilidade Urbana, ou seja, empresas que oferecem soluções tecnológicas que ajudam a facilitar a vida das pessoas por meio de transportes alternativos.
Essas startups se enquadram na categoria Mobitechs, que segundo estudo realizado pela Liga Ventures, uma das maiores aceleradoras do país, já somam 193 em todo país. Esse número nos mostra que estamos evoluindo, mas ainda há espaço para muito mais. Afinal, novas iniciativas são sempre bem-vindas para uma dor de cabeça que atormenta a todos. A discussão sobre esse ecossistema é tão importante que tem sido agenda dos últimos governos brasileiros e já foi pautada em países como Argentina e Chile.
Por isso, devemos ficar atentos ao que já temos em mãos e ao que ainda poderemos ver. Vou listar abaixo algumas tendências para que você não fique de fora de um dos movimentos mais fortes do ecossistema de startups que verá ao longo do ano
Carros compartilhados: o que antes era um status (ter seu carro próprio), nunca esteve mais fora de moda. Com a mudança do poder de compra passando para as novas gerações (os chamados millenials e, em breve, os alphas), há uma mudança significativa do que é ou não considerado prioridade na vida de uma pessoa. Ter seu próprio carro, por exemplo, não é mais uma delas. Com aplicativos e plataformas, já é possível pedir ou compartilhar seu carro para dar caronas a quem esteja se deslocando no mesmo sentido. Isso faz com que menos veículos estejam nas ruas, gerando menos poluição e trânsito. Para os próximos anos é bom que as montadoras estejam atentas a esses novos padrões, para se adequarem e não perderem tanto mercado;
Bike e patinetes elétricos: Você sabia que cerca de 800 bicicletas elétricas em São Paulo são equivalentes (anualmente) a 3.000.000 km rodados e geram uma redução de mais de 900 ton. de emissão de CO² na atmosfera? Ou seja, o mesmo que 9 Maracanãs de árvores plantadas. Além disso, só de economia de tempo no trânsito, as chamadas e-bikes devolvem aos clientes em média 15 dias corridos por ano para fazerem o que quiser (diferença entre o tempo que o usuário ficaria dentro do carro menos o novo tempo de deslocamento usando uma bike elétrica). Como são elétricas, elas permitem que as pessoas percorram grandes percursos, sendo ideal para quem costuma andar de 4km a 20km por dia, com menos esforços (suor) e sem agredir o meio ambiente. Há pouco mais de 6 meses surgiram os primeiros patinetes elétricos (já em forte atuação em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro), sendo esse modal disponível apenas de forma compartilhada por minuto nas ruas dessas metrópoles.
Smart cities: Smart cities, ou "cidades inteligentes" são termos utilizados quando as cidades acabam se tornando palcos tecnológicos para a geração de dados e insights que tenham por premissa facilitar a vida e deslocamento diário da população. Por meio de mapas, indicações de rotas mais livres ou pushs com notificações sobre ocasionais problemas que a cidade tenha, o cidadão consegue se programar e encontrar caminhos alternativos que não impactem negativamente sua rotina.
Essas são apenas algumas das tendências que já vem sendo construídas nos últimos anos e devem ser consolidadas nos próximos. Claro que ainda temos um longo caminho a percorrer, mas acredito que com boas ideias e investimentos, conseguiremos viver em uma cidade que é produtiva e saudável para todos.
Gabriel Arcon, CEO da E-moving.