O Brasil deve ganhar um concorrente de peso na busca por abocanhar uma fatia do mercado mundial de outsourcing, hoje dominado pela empresas indianas, mas que enfrentam a desconfiança do mercado gerada pelo escândalo de adulteração de balanços da Satyam e da exclusão da Wipro da lista de fornecedores do Banco Mundial até 2011. Trata-se da China, país que tem como principal apelo a disponibilidade de mão-de-obra qualificada e barata.
Segundo Pramod Bhasin, CEO da Genpact, maior empresa de outsourcing de processos de negócios da Índia, a China representa o principal desafio para a indústria de TI indiana, e deve crescer cerca de 15% nos próximos anos. "A China é uma enorme ameaça para as empresas indianas de TI. No longo prazo, é a única que nossa indústria terá", afirmou ele à reportagem da edição on-line do jornal inglês Financial Times.
O executivo admitiu que o cenário não é dos mais favoráveis para as empresas indianas de terceirização, mas disse acreditar que algumas companhias fecharão contratos com clientes que necessitam reduzir custos, preservando boa parte da carteira. De acordo com Bahsin, o setor de outsourcing da Índia, que atualmente domina cerca de 51% do mercado global de serviços de TI, deverá apresentar uma desaceleração de 30% ao ano, mas tende a continuar se expandindo.
Em relação à China, Bashin observou que não existem grandes players no momento para disputar esse mercado. "Mas o governo chinês está investindo no setor e exigindo o ensino da língua inglesa muito cedo", acrescentou Bashin. Ele conta que em janeiro o governo chinês começou a oferecer incentivos para o setor de terceirização do país, incluindo isenções fiscais e subsídios, num esforço para ajudar as empresas chinesas a aumentarem a participação de mercado.
Egidio Zarrella, sócio e consultor de TI da KPMG, observou que é possível que a China se torne uma dos líderes mundiais em outsourcing de TI, servindo as empresas da região da Ásia-Pacífico. "A China está em ascendência. O país não só está investindo no ensino do inglês, mas também no idioma japonês, que é um mercado muito rentável, no qual as empresas indianas estão entrando", completou.
Um relatório recente da consultoria McKinsey revela, no entanto, que o setor de TI da China é muito fragmentado e que as empresas não são habituadas à oferta de serviços de outsourcing. Além disso, o relatório também avalia que o país carece de profissionais graduados com habilidade em gestão. "A China está avançando muito em relação a sua própria indústria de TI, mas não em comparação com a indústria global", opinou Alex Peng, sócio da McKinsey.
As cinco maiores empresas de terceirização da China têm crescido a cerca de 20% ao ano, ritmo mais lento do que os cerca de 30% anuais das suas concorrentes indianas.
Para Bhasin, é claro que a China não representa um perigo iminente para as empresas indianas de terceirização de serviços de TI, que movimentam cerca de US$ 60 bilhões por ano, mas ele acredita que os investimentos do governo chinês demonstram que o principal objetivo do país é de atacar com força esse mercado nos próximos anos.
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