Com margem de mais de 50% de lucro e crescimento em níveis chineses — cerca de 20% ao ano na última década —, o mercado brasileiro de adquirentes de transações com cartões, em que a Redecard e Cielo dão as cartas, vem atraindo cada vez mais empresas. O mais novo concorrente a entrar nessa disputa é o Banco de Brasília (BRB), instituição financeira do governo do Distrito Federal, que se uniu a Global Payments (GP), uma das maiores empresas de cartões do mundo, especializada em capturar e processar transações.
Em entrevista a este noticiário, o presidente da BRB Cartões, Fernando Barbosa, adianta que a empresa resultante da associação com a GP vai atuar no processamento de compras de ponta a ponta. “Vamos fornecer os equipamentos eletrônicos para os estabelecimentos comerciais, capturar e processar os pagamentos, além, é claro, de liquidar as compras”, explica.
Para isso, a empresa, cujo capital social será dividido entre a BRB e a GP, está sendo criada. O percentual de participação de cada uma delas ainda está sendo definido, mas a expectativa é que a GP fique com uma parcela maior do bolo, já que contribuirá com todo o investimento financeiro e tecnológico da nova empresa. A BRB, por sua vez, deve ser responsável pelas licenças junto às bandeiras de cartões para a operação do sistema. “Também seremos responsáveis pela liquidação das operações, o que nos garantirá uma renda adicional”, explica Barbosa
A GP vai ser concorrente direta da Cielo, fruto da associação entre o Banco do Brasil e o Bradesco, e a Redecard, do Itaú, além da GetNet, com o Santander. Ela desembarcou no Brasil em 2011 e desde então vem tentando montar uma operação.
Mercado polarizado
Até 2010, o mercado de adquirência era um duopólio da Redecard e da Cielo, que detinham exclusividade sob as compras utilizando as bandeiras Visa e Mastercard, respectivamente. Quando ele se abriu, em 2010, novos players ingressaram na disputa, que conta hoje com cinco competidoras.
A BRB e a GP pretendem seguir o exemplo de outras instituições financeiras como o Banrisul e o Santander, que se associaram a outras empresas com experiência em pagamentos. “Pretendemos já no fim deste primeiro semestre estar em pleno funcionamento, com uma sólida base de estabelecimentos credenciados”, explica Barbosa.
O banco espanhol foi a primeira instituição financeira a desafiar o duopólio. Em uma parceria com a GetNet, o Santander ingressou no setor em 2010 e, no fim do primeiro semestre do ano passado, já havia abocanhado quase 5% do mercado.
O exemplo foi seguido pelo Banrisul, dono de uma bandeira de cartão própria, a Banricompras, que firmou parceria com a Mastercard e ampliou sua atuação no setor, especialmente no Rio Grande do Sul, onde fica sua sede. A estratégia é parecida com a da Alelo, pertencente ao Banco do Brasil e ao Bradesco, que mantém uma bandeira própria, a Elo, e é licenciada da Visa e Mastercard.
Nacionalização
A entrada no setor de adquirência faz parte da estratégia de expansão do BRB. A empresa, que atualmente tem atuação concentrada no Distrito Federal, onde tem forte penetração, especialmente entre os servidores públicos e pequenas e médias empresas, pretende crescer em regiões onde há mais espaço no mercado. “Já possuímos agências em cidades como Anápolis, Goiânia e Campo Grande. Nossa expectativa é crescer inicialmente no Centro-Oeste e em seguida no Norte do país”, explica Barbosa.
A relação intensa com as empresas da região deve ser o principal trunfo da parceria BRB-GP para disputar o mercado. “Temos uma relação muito próxima com cerca de 60 mil empresas da região. A grande maioria delas aceita pagamentos por meio de cartão. Vamos oferecer uma alternativa para esse público”, completa o presidente da BRB Cartões.