Converso frequentemente com líderes e gestores e eles estão cada vez mais olhando com atenção para a lista de fornecedores de TI com os quais trabalham. Um deles me relatou: mais de 10 fornecedores. Isso mesmo: Mais de 10 diferentes contratos, culturas, SLAs, níveis de maturidade em segurança e, claro, diferentes níveis de exposição da minha operação.
Não é uma situação incomum. Ao longo da jornada de transformação digital, é natural que o ambiente tecnológico se diversifique. Cada parceiro se apresenta como especialista em um pedaço desse quebra-cabeça — e muitas vezes é realmente. Mas o que acontece quando esse mosaico começa a impactar negativamente a performance, a segurança e/ou a governança?
O custo invisível da fragmentação
Ter múltiplos fornecedores pode parecer sinônimo de flexibilidade e competitividade. Mas, na prática, essa pulverização pode corroer a eficiência da operação e dificultar a padronização dos controles. Além disso, quanto mais interfaces, maior o risco de falhas de comunicação, brechas de segurança e problemas de compliance.
Porque, do ponto de vista de segurança, cada um deles representa uma nova porta potencial de entrada na rede. E sim, muitos têm acesso privilegiado — mesmo que indiretamente. É por isso que muitos frameworks incluíram em suas recomendações a microssegmentação, avaliação de riscos contínua (Risk Assessment) e políticas de controle de acesso. Mas, sejamos sinceros: isso demanda investimento, monitoramento e uma governança robusta.
Centralizar ou diversificar?
Do outro lado do espectro, temos a centralização. Reduzir o número de fornecedores pode oferecer ganhos de escala, maior poder de negociação e custos unitários mais competitivos. Um "pacote completo" parece uma boa ideia… até que não seja. E se esse único fornecedor for invadido, tiver uma falha crítica ou — pior — encerrar suas atividades? O risco de dependência excessiva pode custar caro. Às vezes, o barato sai muito caro.
Outro ponto sensível é a comoditização da TI. Quando negociamos exclusivamente pelo menor preço, sem considerar a qualidade, o alinhamento estratégico e a postura de segurança do fornecedor, perdemos o que realmente importa: a entrega de valor sustentável.
Quer qualidade? Me ajude a fazer a conta fechar. Não existe segurança cibernética séria sem investimento. Não existe compliance com LGPD sem controle real da cadeia de terceiros.
O desafio, portanto, é encontrar o ponto de equilíbrio entre eficiência operacional, segurança, compliance e custo. E esse equilíbrio não é estático: ele precisa ser constantemente revisado à luz da estratégia do negócio, das ameaças emergentes e da evolução dos parceiros.
Mais do que uma decisão de compras, a gestão de fornecedores de TI é uma decisão estratégica — e deve ser tratada como tal.
Isabel Silva, Security Business Development Director da Add Value.