No cenário dinâmico da tecnologia, dominar ferramentas e linguagens de programação já não é suficiente para garantir uma carreira de sucesso. Cada vez mais, empresas de tecnologia e inovação buscam profissionais que, além de habilidades técnicas, possuam competências comportamentais essenciais para colaboração, criatividade e adaptação em um ambiente de mudanças constantes.
O novo perfil do profissional de TI
A transformação digital acelerou a necessidade de equipes mais integradas e resilientes. Habilidades como comunicação eficaz, inteligência emocional, pensamento crítico e trabalho em equipe têm se destacado como diferenciais no mercado.
Pesquisas recentes confirmam essa tendência. Um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná revelou que quase 60% das competências mais requisitadas em vagas de tecnologia estão relacionadas a soft skills. Comunicação, organização e proatividade figuram entre as mais valorizadas pelos recrutadores.
Além disso, o relatório "Índice Global de Aprendizado no Trabalho", da Udemy, mostrou um aumento significativo no interesse por cursos voltados ao desenvolvimento dessas habilidades. Resolução de problemas e trabalho em equipe registraram crescimento expressivo no consumo de conteúdo educacional, refletindo a preocupação das empresas em fortalecer o lado humano da tecnologia. No Brasil, as cinco habilidades com maior crescimento no consumo de cursos foram produtividade pessoal (55%), comunicação (32%), infraestrutura de rede (32%), ChatGPT (28%) e liderança (15%). Isso indica uma tendência nacional em direção ao desenvolvimento de competências comportamentais.
O impacto nas empresas e na carreira
O Fórum Econômico Mundial revelou que muitas empresas enfrentam lacunas de habilidades cada vez maiores, o que dificulta o crescimento dos seus negócios. Ao mesmo tempo que a IA generativa cresce, as lacunas de habilidades estão cada vez mais iminentes e dispendiosas.
Para profissionais de tecnologia, investir no desenvolvimento de soft skills não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para acompanhar as demandas do setor. Organizações que priorizam essas habilidades conseguem criar ambientes mais colaborativos e inovadores, resultando em maior eficiência e satisfação das equipes.
A pesquisa "Panorama das Carreiras 2030", conduzida pela TOTVS, aponta que inteligência emocional, pensamento analítico e criatividade serão algumas das competências mais relevantes para o futuro do trabalho em TI. Isso reforça a ideia de que a capacidade de adaptação e a interação interpessoal são tão fundamentais quanto o conhecimento técnico.
Como desenvolver Soft Skills em TI
O despertar para a necessidade de aprimoramento das soft skills pode acontecer de diversas formas. O primeiro passo é a pessoa aceitar os feedbacks de sua equipe, pares e líderes, pois muitas vezes as entregas técnicas do profissional são boas, mas faltam as habilidades sociais. Participar de projetos multidisciplinares, buscar feedbacks construtivos, investir em cursos voltados à comunicação e liderança e até mesmo adotar práticas de mindfulness para desenvolver inteligência emocional são estratégias eficazes.
Líderes de tecnologia também desempenham um papel fundamental ao criar uma cultura organizacional que incentive o desenvolvimento dessas habilidades. Empresas que promovem o aprendizado contínuo e o desenvolvimento humano se destacam na retenção de talentos e na inovação.
O fato é que a tecnologia avança rapidamente, mas são as pessoas que impulsionam as transformações. Profissionais de TI que combinam conhecimento técnico com habilidades interpessoais estarão mais preparados para enfrentar desafios e liderar mudanças. Em um mercado cada vez mais competitivo, investir em soft skills não é apenas uma tendência, mas um fator determinante para o sucesso individual e organizacional.
Daniela Komatsu, CIO da Espaçolaser.